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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

NACIONALISMO

"General freedom", meu grande amigo? Custa-me crer num lastro real para essa visão. Me parece, ao contrário, que se encontravam - gauleses e romanos - cada um defendendo o grilhão que lhe é caro.

domingo, 29 de dezembro de 2013

EU: SÍSIFO

Quem me ouve dizer que li, este ano, 80 livros, e que li 96 no ano passado, sendo muitos deles catatais de quatrocentas ou quinhentas páginas, deve imaginar: esse cara gosta de ler! Ledo engano. Só me dão prazer as duas primeiras e as duas últimas páginas de cada livro. Todo o resto, isto é, o miolo, me é extremamente maçante. Mas eu leio tudo. Tudo mesmo. E há livros que já li quatro ou cinco vezes (claro, com um intervalo razoável - medido em anos - entre uma e outra leitura). E sem pular nada, mesmo nas releituras. Trata-se, então, de um masoquista? Não, amigo(a). Não se trata não. Acontece que na vida para se realizar alguma coisa é indispensável a disciplina, e este é meu point aqui: a disciplina surge justamente ali onde o prazer não está. Se vc é daqueles que só fazem o que gostam, vc não realizará praticamente nada nesta vida, sinto muito te dizer. E escrever, então? Mil vezes mais maçante do que ler! Mas já escrevi bastante coisa, também. Uns 30 contos; um romance curto, experimental, mas ainda assim um romance; 200 mini-contos, e quase 700 poemas; isso ao longo de dez anos. É até que uma boa produtividade.
Mas devo confessar algo, aqui: é que me vejo encurralado: não gosto mais de fazer seja qual for a atividade, mas também não gosto de não fazer nada. Só há uma coisa de que gosto: ficar enrolando na cama antes de levantar. Sou capaz de enrolar por quatro ou cinco horas. Meu prazer, e único. Assim também não dá. Se a disciplina é necessária, isso, no entanto, já é uma rotina para Sísifo nenhum estranhar. Eureka! É isso o que eu sou: um Sísifo!
Enfim, termino aqui, por enquanto. A pedra já rolou montanha abaixo. Tenho de subir com ela de novo.
Abraços, e feliz Ano-Bom, para quem puder tê-lo!  

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

TEORIA DA RELATIVIDADE ECONÔMICO-SOCIAL

Como é sabido por todos aqueles que já viveram o bastante, os ricos só comem plástico, só vestem mulambos sem nenhuma graça, só habitam prisões, só visitam lugares absolutamente insossos, ainda que se esteja em Paris, Londres, Nápoles ou qualquer outra sensaboria, e como se não bastasse, têm destino certo no alcoolismo, assim como ao pôr o pé na rua têm de se esconder como se fossem procurados pela Interpol. Os ricos, na verdade, só não são mais infelizes do que os miseráveis, pois, apesar de todos esses pesares aqui mencionados, ainda vale mais beber água limpa e cristalina do que beber água suja.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

PENSAMENTOS

Só resta pedir desculpas pelo desejo, que não consigo disfarçar, de me aproximar da perfeição.

Só resta sorrir e me ofertar ao desconhecido, sem esperar qualquer tipo de recompensa.

Mas na verdade, não sei o que resta, e também não sei para quê.

É preciso trabalhar.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

SIMPLES E DIRETO: UM FELIZ NATAL!

Só queria dizer alguma coisa que faça aquele que me lê abraçar o espírito da época com tudo o que tem. Mas como não sei se é possível (talvez esteja além de minhas forças), apenas passo por aqui para lembrar a todos que a solidariedade, a fraternidade, o respeito ao próximo, e mais geralmente o amor devem estar na base de tudo o que fazemos, todo o tempo, todos os dias, e com relação a tudo que nos cerca, ao menos tudo o que é vivo (ok. Reconheço: excetuam-se as baratas, os ratos, etc., rs).
Um abraço, de coração,
e um Feliz Natal!

sábado, 21 de dezembro de 2013

A LADAINHA

Vida vai, vida vem,
e o Homem mal se sustém,
cara colada no vidro
dalgum maltratado trem,
indo para não sabe onde,
buscando não sabe quem:
ele vai, e ele vem.

Ontem eram planos
de alegria desvairada,
hoje são desenganos
afogados em barro-água:
o Homem vai, o Homem vem,
e é tudo para nada.

Caberia perguntar
se vale qualquer coisinha
a dor de ver o mar
ouvindo a torpe ladainha
da falsa Iemanjá
costurando falsa bainha:
ela ia, e ela vinha.

Ontem eram desenganos
em barro, e água, afogados;
hoje são muro branco
bem cagado e catarrado,
pelos tristes malandros
da viela aqui de baixo.

Caberia perguntar
se o tempo vai brindá-los
com esse mesmo catarro
que a gentileza me dá:

que ele venha, meu pai:
mas que ele vá!







segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

E DO QUE VEM...

Mas algo se anuncia, para o futuro próximo. E será uma felicidade tamanha, mas tamanha, que fico sem saber que dizer a respeito.
Olha, vou te contar: por isso sou capaz de enfrentar até um batalhão de fuzileiros, armados até os dentes.
Por favor, minha bela moça, por favor eu te peço: não se engane com alguma tristeza que emane de meus escritos, e de mim mesmo, ou com alguma fraqueza que eu pareça ter: eu sou capaz de muita, mas muita coisa mesmo, pra ter o teu beijo (claro, uma metonímia, rs...).
Aqui está um homem de vontade mais que férrea: acredite.
Até!

domingo, 15 de dezembro de 2013

ANO QUE VAI, ANO QUE VEM...

Vem chegando o Ano-Bom, e eu começo a fazer o balanço do que vai, e a pensar o que esperar do que vem. Este 2013 foi um ano de fortalecimento. 2012 havia sido um ano de ajuste, de aprendizado, de correções. Este não: quase não mudei uma vírgula na minha linha de atuação; apenas enrijeci, fiquei mais robusto, mais duro, mais tenaz.
Júlio César, o general romano, já nomeava o que fazia a fraqueza dos gauleses: o abrandamento da vida, em facilidades e "riquezas" que diminuíam o moral, e o fazia em comparação com os germanos, cujo estilo rústico e despojado de viver constituía um fator determinante de sua força e eficácia militar.
Pois Deus foi, digamos, bem austero, bem cuidadoso, comigo neste 2013: uma otite que durou seis meses, com corrimento interno e dores espaçadas, e cujos vestígios ainda me incomodam vez por outra; e uma diarreia crônica, diária o ano todo (com raríssimos momentos de trégua), que me impediu qualquer aventura que incluísse uma distância muito grande de um banheiro limpo e decente. Tudo isso para ficarmos no campo da saúde, porque no geral há também o meu cachorro, que me obriga a uma tarefa igualmente diária, sem absolutamente nenhuma interrupção, de lavar a varanda, catar merda, sair com ele para passear, etc. Como disse Trollope: "uma obrigação diária, se for realmente diária, se converte num fardo que deixaria o próprio Hércules exausto a mais não poder", isto é, com meio metro de língua pra fora (pode parecer pouco, mas é precisamente o cachorro que me impede de descansar, de me refazer por completo).
Então, como disse, me fortaleci. Me adaptei a uma vida mais enxuta, mais férrea. Mas espero algum abrandamento para o ano que vem. Nada que me enfraqueça, claro está, mas apenas que me canse menos e me faça sorrir mais. Será pedir muito?  

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

PARA "ELA"

Está começando...
Estará mesmo?
É tão difícil acreditar...
A vida é tão pródiga
em maus desfechos,
em más revelações,
em falsos encontros
de falsas almas gêmeas!
Mas teu sorriso me disse,
ali, quando eu passava,
que nalgum ponto de teu coração
meu nome pode estar batendo...
E eu tenho que te dizer,
então,
que faz algum tempo o meu próprio
coração
procura pelo teu nome.

Algum dia, vou perguntar.
E seja qual for,
uma rima é garantida:
...

domingo, 8 de dezembro de 2013

PARA 2014

Se 2014 te der motivos para sorrir,
sorria, e sorria;
mas o faça de modo especial,
quando a situação for propícia,
e encontrar em teu coração
disposição para tanto.
Não te negues isso,
em hipótese alguma,
pois um sorriso perdido
leva embora a alegria
que te era destinada.

Se 2014 te der motivos para chorar,
chore, e chore mesmo;
chore no quarto fechado, a sós,
mas chore principalmente na frente de todos,
porque só assim se vence a tristeza:
quando não se foge dela,
quando não se esconde as suas cores
no porão do quotidiano,
dos "bons dias", "boas tardes" e "boas noites":
na trincheira do não-viver.

O principal, no entanto,
é não esperar o que 2014 tem
para te dar:
é abraçar o ano que chega
fazendo a promessa
de pegar na enxada,
e ir à roça,
plantar o que certamente
você há de colher,
se ao calo da mão
vier se unir a bênção da Mãe-Natureza.

Oxalá ela venha,
em 2014!

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

CICLOS...

A vida, ao menos aqui na Terra, opera em ciclos: o brotar, o crescer, a pujança, o declínio, e a morte. Tudo o que é vivo é assim.
Pergunto, então: deveríamos agir em correspondência com esse aspecto da Natureza?
Sim, e não.
Se se está falando de adaptação, mas de ainda assim esforço contínuo, quanto a nós mesmos, humanos, para estender ao máximo a pujança, atrasar e amenizar o declínio, e suavizar a morte, então respondo que "sim".
Mas se se está falando de tomar as rédeas da Natureza (ou quem sabe de Deus...), e decidir no lugar dela (ou Dele) quando iniciar e quando terminar cada etapa, respondo que "não".
Penso que ainda precisamos descobrir a melhor maneira de nos adaptar. Já transformamos tanto o mundo e os seres, vivos ou não, que há nele, já destruímos tanto!
Não sei se isso é possível, mas quero acreditar que podemos alcançar um estágio onde a paz e o Bem Comum sejam universais, preservados com tanto afinco quanto hoje são frequentemente desdenhados.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

TODO HOMEM NASCE LIVRE (CONTINUANDO, E EXPLICANDO MELHOR...)

O final do último post me incomoda. Me incomoda mesmo.
Creio que não se trata exatamente de uma opção ter uma vida sadia e tranquila, assim como raramente o sofrer buscando aprendizado é uma opção. Em ambos os casos o que se configura é uma rede extremamente complexa de eventos e escolhas menores, que no todo acaba "brindando" alguém, e "castigando" outrem. Geralmente é a vida que impinge sofrimento, e é inegável que na maioria dos casos a pessoa, uma vez superado esse sofrimento, se torna um ser humano melhor. Mais temperado. Também é inegável que uma vida inteira de bons ventos e mar tranquilo só pode estragar quem a vive...
Assim: como definir o Bem comum?
Só me parece haver uma resposta: a Liberdade é o Bem comum.
Tentarei discutir isso no próximo post. Por enquanto fica aqui apenas esta "correção".
 

domingo, 1 de dezembro de 2013

TODO HOMEM NASCE LIVRE...

Há quem diga que é impossível produzir o bem comum, pois cada um de nós tem a sua noção particular de "bem". Desse modo, também não seria possível apontar evolução numa determinada sociedade, devido à mesma relatividade das coisas.
Ora, eu gostaria aqui justamente de defender o concreto, frente à "subjetividade geral".
Nós devemos lembrar que no Brasil já houve escravidão, onde homens e mulheres cruzavam o oceano em porões imundos de navio, sujeitos a todo tipo de doença, e aqui chegando eram vendidos, marcados a ferro, e explorados com uma brutalidade digna de um inferno de verdade. Me parece claro que, ainda que sejam muitas as opiniões, e que a condenação da escravidão seja algo de nossa época, algo que pode inclusive mudar no futuro, me parece, como eu dizia, claro que a situação concreta dos negros melhorou. Ainda há preconceito, muito, e discriminação, muita, mas aos poucos vamos evoluindo, no mote da Declaração Universal dos Direitos do Homem.
Se o caminho mais corriqueiro, mais "normal", mais amplamente observado, é evitar a dor, e o sofrimento, e buscar a saúde e a tranquilidade, quanto mais gerais estas últimas forem, e quanto menos agudos e mais raros forem aqueles, tanto mais teremos uma situação de maior "bem comum".
Claro que há pessoas que buscam o sofrimento, querendo sobretudo aprender, mas o óbvio: se trata de uma opção. Todos devem ter a opção oposta, a de viver uma vida saudável, com qualidade e substância, naquilo que depende de nós (pois há, bem sei, muita coisa que depende do acaso, ou de Deus mesmo).
  

NOTAS DO SUBSOLO

Este ano está sendo mesmo feliz em matéria de livros. Hoje foi a vez de "Notas do subsolo", de F. Dostoiévski. Livraço. No começo, cômico e profundo, e do meio para o fim, seriíssimo, desesperado, comigo não contendo o pensamento de que o "herói" da história era um porco miserável. Terminado, me vejo em graves dúvidas. Não sei se o "herói" é assim tão mau... Talvez ele seja apenas fraco, uma vítima. Não sei. O que tenho certeza, porém, certeza tirada agora, dessa leitura (vejam como ela foi importante), é que nós temos de procurar dar ao Outro o nosso melhor. Sim, teremos dúvidas, vergaremos, desesperaremos às vezes, mas há que se ter, lá no fundo, algum fogo que nos faça erguer a cabeça, olhar ao redor, e enfrentar a tudo e a todos com um sorriso. É uma esperança. Terá lastro?