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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

FÉ, ESPERANÇA

Fé e esperança não são, claro está, a mesma coisa.
A esperança é um desejar misturado com a expectativa de satisfação desse desejar, num determinado futuro. Ela independe de fé em Deus, ou coisa que o valha. Pode ser baseada apenas, unicamente, no acaso, na interação mais ou menos caótica entre os indivíduos, e tudo mais.
Já a fé, por sua vez, se também é um desejar, ela no entanto mistura-se com o sentimento de merecimento daquilo que se deseja, merecimento vinculado a ninguém mais ninguém menos do que Deus, lá no céu, onisciente e onipotente, olhando por nós, ou quem sabe às vezes contra nós.
Pois bem. Eu sempre tive esperança, mas meus momentos de fé sempre foram, e continuam sendo, bem raros.
Serei eu um forte, ou um iludido?

domingo, 24 de novembro de 2013

DO CONCRETO, DO ABSTRATO

Há autores mais concretos, e outros mais abstratos. Os primeiros nos ofertam descrições de visualidades, de cheiros, de sensações táteis, e ofertam um sem-número de observações factuais: em suma, a Objetividade; os últimos nos brindam com mergulhos psicológicos, com abismos filosóficos, com sutilezas de máscara e de visão: em suma, os muitos mundos da Subjetividade.
Poderia citar como concretos Goethe, Italo Calvino e principalmente Hemingway. Como abstratos, Dostoiévski (claro) e Albert Camus.
Devo dizer, sou fã de carteirinha dos abstratos, e confesso que os concretos me causam dificuldade na leitura. Talvez isso se deva à minha personalidade introspectiva e distraída, mas não tenho certeza.
Talvez.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

MAIS NOTAS...

I've seen simply wonderful legs this afternoon, in the library...

"Insiste que você consegue" - Isso foi pra mim?! Será?! Só tenho a dizer: "yahooooooooooo"!

Uma quadrinha:
"Ela balançava as pernas, deliciosamente brancas,
sem saber que com elas, ao mesmo tempo,
balançava vagarosa, como em sonho, um rebento
no balanço improvisado de uma esperança..."

Moça, isso não vai ficar só na internet não. Te prometo. Mas vamos com calma, aproveitando a delícia de cada momento. Vai chegar a vez de falarmos cara a cara. Na verdade, sinto que vou sonhar com isso a cada minuto, daqui pra frente.


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

SE VC QUER SER MINHA NAMORADA...

Se você quiser ser minha namorada,
prometo te dar, como um travesseiro,
o lado mais à esquerda
do meu lado esquerdo,
e pôr no serviço de teu cuidar
o meu já tão tatuado
braço direito.
Tatuado pelo tempo,
por um sem-número de "Marias...
e Clarices",
que se deixaram varrer
e carregar pelos ventos
do Devir.
Impossível apagar esses nomes,
para escrever o teu de maneira
mais límpida.
Antes: escolher uma cor a mais berrante,
e cruzar a pele de cima a baixo
com referências de nossos encontros fortuitos,
de modo a não deixar dúvidas
sobre quem trará alívio - enfim eficaz -,
à dor que me consome,
e me nega a paz.


 

domingo, 17 de novembro de 2013

KUNDERA, MANN, E ETC.

É impressionante como não se ouve nem se lê muita crítica tratando do enorme romance A brincadeira, de Milan Kundera! É talvez o mais perfeito que eu já li na minha vida, e olhe que eu já li alguma coisa!
O romance de Kundera é profundamente filosófico, com visões de mundo e personagens contrastantes, contraditórios às vezes, com um senso do caráter contingente e extremamente problemático da condição humana, que espanta. Vai além, muito mais além, de A montanha mágica, de Thomas Mann, que tem um certo ar "forçado", pedante. Kundera consegue ser mais filosófico porque mais orgânico.
E, claro, há a tristeza que emana de A brincadeira, o sentimento irrefreável de ter sido derrotado pelo Tempo e seus fantoches, suas engrenagens.
É preciso ler A brincadeira.
E A montanha mágica também.

O NECESSÁRIO MOVIMENTO

Está havendo um amplo movimento em meu modo de pensar, uma mudança: trata-se do reconhecimento de que o fato de as coisas serem como são é um grande advogado desse modo de ser, o delas. Não que eu esteja me tornando um conservador, não é isso, mas... é preciso admitir o que existe tal como ele existe, ou não? E indo além: deve haver uma razão muito, muito forte, uma razão ontológica, quiçá metafísica, para que aquilo cuja existência constatamos exista do modo como o constatamos.
Claro, é uma hipótese.

sábado, 16 de novembro de 2013

ALGUMAS NOTAS

O mundo está tão cheio de beleza e de espanto, de maravilhamento, que é até possível passar por ele sem se deixar derrubar quando ele nos corta a carne, e nos rasga e nos sangra, sem que nada tenhamos feito de mal.

Tive uma intuição hoje, quem sabe mesmo uma mensagem vinda do além, de algum além, dentre muitos possíveis: minha literatura e filosofia, se existem, são uma busca desesperada por Iluminação. Será?

Para variar, estou amando de novo, e não a mesma moça. Ninguém entende Vinícius de Moraes como eu entendo...

A música me faz pensar em ti, "Alessandra", nestes dias ela tem me trazido o teu rosto minuto a minuto. E o verso que mais me emociona é: "You know I've seen a lot of the world can do/ And it's breaking my heart in two/ Because I never want to see you sad girl", claro, de Cat Stevens (Yusuf), o "mago" que capturou e escravizou meus ouvidos, desde ontem.

Eu poderia citar também Cartola, e O mundo é um moinho: Ah, como eu queria te proteger, minha linda moça, da mão de pilão do Tempo e da Vida-Realidade, mas... estamos fadados. Eu também.

O Natal vem chegando, e meu coração começa a compassar, e meu sorriso quer aparecer, e minha mão quer ser estendida: a quem?




 

domingo, 10 de novembro de 2013

O DUPLO

Vou iniciar um raciocínio que me parece de grande valia. Pretendo explorá-lo aqui, nos próximos posts; neste farei apenas a proposição do problema. Então vamos a ela.
Imagine que exatamente no seu aniversário de dezoito anos, você se duplicasse, e o seu duplo fosse alojado numa espécie de "sala mágica", onde ele visse numa tela toda a vida do alter-ego dele, isto é, você, o "original", que está lá, vivendo no mundo real, fora da sala, ignorando que há um duplo acompanhando-o.  
O que você acha: ele, o duplo, seria sempre advogado de si mesmo, ou seja, seu advogado, ou haveria discordância entre as duas versões do mesmo "eu"?

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A HORA É AGORA!

É triste, mas na maior parte de minha vida eu estava projetando o futuro. A felicidade estava no futuro. O presente era sempre provisório, o futuro, ao contrário, seria pautado por soluções para os problemas que me afligiam. Tudo, tudo estava por vir, por ser alcançado.
Bom, eu hoje tenho 36 anos, e então me pergunto: e aí? Já chegou o futuro, ou ainda está lá, no horizonte?
Para responder, fiz o seguinte teste: peguei o que eu faço hoje, e projetei no passado, como projeção para o futuro naquele passado. Me explico: como seria eu, há quinze anos, pensando em fazer o que faço hoje, quinze anos depois, quando "hoje" chegasse?
Resultado: eu pensaria: aí está uma boa parte do que chamamos felicidade.
Só que hoje, antes de fazer esse teste, eu já estava, de novo, projetando o futuro, achando que o presente era de pouca valia.
Então penso comigo: Daniel, fodam-se os problemas, o presente é bom, e é nele que está a vida! Se continuar projetando, e ansiando, e esperando, e angustiando, sem viver o agora, cê vai morrer sem ter vivido, porra!
Verdade. Muito verdadeira.
Então é isso, vamos lá, ver se vivo alguma porra nesse futuro convertido em presente, nesse presente que é o meu, com suas dores e seu sorrir. Ao que me parece, é o primeiro passo.