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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

UM POEMA PARA A ÁGUA

                                                               gosto de mirar as ondulações
                                                               que o vento produz ao roçar a água;
                                                               vibram-me silenciosas canções,
                                                               e vou-me a pensar simplesmente em nada...

                                                               gosto de ouvir o barulho do mar
                                                               acariciando bruto a areia,
                                                               bate-me suave e triste uma calma
                                                               de sermos um só, eu e a Natureza...

                                                               gosto, no calor, de molhar o rosto
                                                               e deixar o frio amansar meu corpo...
                                                               são os belos lugares feitos d’água

                                                               que eu pude, desinspirado, compor,
                                                               só pra lembrar, com todo meu ardor,
                                                               que a vida, pra vingar, há que regá-la.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

PODER / DEVER - Parte II

Quando se adquire um determinado poder, imediatamente surgem deveres ligados a ele. Isso é moral. Isso é uma consequência de se viver em sociedade. A amplitude e o nível de comprometimento que eles, os deveres, exigem varia, mas é certo que quanto maior o poder, maiores a amplitude e o nível de comprometimento.
O sono daqueles que podem fazer a diferença positivamente é a grande chancela para a iniquidade.

PODER / DEVER

É uma equação a que poucos prestam atenção: para que se possa atribuir a um indivíduo o dever de realizar a ação A, é necessário que ele tenha poder para realizá-la. Este poder - com o perdão do pleonasmo - pode ser exíguo e levar o indivíduo à exaustão após realizar a ação A, ou pode ser largo o suficiente para que ele a realize sem se destruir, ou onerar demasiadamente. Assim, um conjunto de deveres só se viabiliza se os indivíduos sobre os quais ele incide têm poder numa escala que possibilita o atendimento, sem esgotamento. Historicamente, as relações senhor e escravo tendiam a não respeitar essa regra, bem como, algumas vezes, a de Rei e súditos. Muitas sublevações se deram em razão disso.
Deve-se observar ainda que a situação em que o poder dos indivíduos extrapola o conjunto de deveres numa amplitude mediana é a mais saudável, politicamente. Eles, por assim dizer, devem esgotar-se medianamente no cumprimento dos deveres, impossibilitando e ao mesmo tempo desestimulando a revolta. Impossibilitando porque estarão "cansados" demais para ela, e desestimulando porque não terão razões muito fortes para "comprar a ideia" dela.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

DO HUMANO

A dignidade tem essa característica: aqueles que, uma vez tendo-a perdido, voltam a recuperá-la, agarram-na com tal vigor, que acabam morrendo abraçados nela.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

DO ESSENCIAL

Conhece-te a ti mesmo. Mas não te esquece de expandir-te, e de adaptar-te aos ventos e às marés. Sem perder-te jamais.

sábado, 17 de agosto de 2013

O COMPORTAMENTO META

É muito comum hoje em dia, especialmente em ambientes intelectualizados, a adoção de um comportamento "meta", isto é, um posicionamento projetado para fora da própria cultura, relativizando tudo, e como que olhando de fora, um olhar "meta": meta-cultural, meta-ideológico. Desse modo, as culturas se equivalem, e a pessoa se exime de julgar, pois isso seria impor ao objeto do julgamento uma base que ele não adota para si.
Pois bem. Ocorre que a experiência - o lugar onde nascemos, quem foram nossos pais, a educação que tivemos, etc. - nos marca indelevelmente, e por mais que tentemos nos posicionar "de fora", isso é certamente uma atitude artificial, na melhor das hipóteses um esforço cujo fracasso a pessoa esconde. Ela aprovará ou não determinado comportamento, ideia, opinião, quer queira, quer não. Em suma, ela julgará, inevitavelmente.
Isso posto, creio que devemos tentar compreender, e não anular, ou evitar o próprio julgamento. Devemos ter consciência, sim, de sua contingência, de sua dependência de circunstâncias carregadas de arbitrariedade. Mas não podemos fugir dele, porque isso seria a negação da própria experiência, e é ela, em grande parte, o que nos faz o que somos.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

OBJETIVAR-SE

O homem é presa de si mesmo, quando objetivado por condições criadas subjetivamente.
Explico: acontece quase sempre de um indivíduo forjar uma situação para si mesmo, empenhando força de vontade e toda sorte de meios, lícitos ou não, e de repente: heureca! A situação como que se fecha em torno dele, não o deixando sair mais.
Isso é, para ser sucinto: objetivar-se.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

SAPOS-BOI

A última vez em que prometi estar fazendo algo pela última vez... Espera, não foi bem assim. Foi depois. Eu prometi que aquela vez, dias antes desse da promessa, haveria de ser a última: tratava-se de engolir um sapo-boi. Eu tinha engolido vários, numa sequência. O fato é que está fazendo 10 anos agora em 2013, e eu continuo cumprindo com a promessa. Pra dizer a verdade, ainda não fui testado com rigor, mas... alguns testes meio que duros já aconteceram.
Não sou, no entanto, idiota ao ponto de achar que vou conseguir cumprir até o dia de me despedir de vez daqui. Apenas sigo afirmando a intenção de lutar.
É simples: dignidade. Ninguém vive sem isso.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

UM APRENDIZADO

É inviável esperar o fim dos problemas para se começar a aproveitar o tempo e a vida. É preciso aproveitar o tempo e a vida em meio aos problemas.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

CONCLUSIBILIDADE

Quando eu era mais jovem, era relativamente fácil apontar razões e significados para as coisas. E eu tinha uma certeza quase sempre radical delas.
Hoje, aos trinte e seis anos, tudo se tornou tão complexo, há sempre um embate de razões para todo e qualquer fenômeno. A conclusibilidade das coisas vai se rarefazendo, vai se tornando um ponto perdido num horizonte de conjeturas, de silogismos, de induções e deduções...
Quanto mais estudo, mais sei, e menos posso afirmar...