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sexta-feira, 29 de junho de 2012

POEMA ANTIGO


às vezes, quando venta de leve lá fora,
e o céu está limpo, pontilhado de estrelas,
ou cai uma chuvinha fina, que só molha
pontinhos no chão, e em tudo vê-se que reina

uma tranquilidade tão sutil, tão doce,
eu gosto de sair e sentar à varanda,
deixando o vento afagar-me suave o rosto,
e colhendo num brilho de estrela a lembrança

de tempos remotos de infância, quando a vida
era correr atrás de uma bola, pensando
só no que, de imediato e livre, o dia
oferecia aos olhos, presos no encanto

do não se preocupar, do pouco querer.
sinto pelos que não podem, como eu faço,
renovar as forças num amistoso abraço
no mundo-vida, e levantar... e viver.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

CRÔNICA DA CASA ASSASSINADA

Livro para ser, sobretudo, "matutado". Acabei de ler, e não sei bem o que dizer, mas como se não disser nada essas minhas fracas primeiras impressões se perderão, e com novas e novas leituras (de outros livros) acabarão por restar apenas restos de simplicidades, imagens fragmentárias do que li, então - então aqui vai o que calou em mim:

A condução do enredo, com uma reviravolta no final, amalgama a "grande literatura" (por falta de melhor termo) com a literatura de mercado, nada demais, algo que Dostoievski fez em Crime e Castigo (muito ostensivamente), e em Os irmãos Karamázov (mais brilhantemente).    

A fraqueza inerente ao humano é, me parece, o motivo mestre do livro, sem perda do caráter contraditório de qualquer um de nós. São personagens fracas justamente porque fortes, e fortes porque fracas. Duas faces indissociáveis de seres ficcionais tão intensamente vivos como estes.

Não fossem alguns deslizes de linguagem, notados esparsamente, seria o caso de chamar a Crônica de Lúcio Cardoso de obra-prima.

Quase a chamo.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

IMPROVISO INTERNÉTICO


Ademais, nada demais:

Tudo fora, tudo volta,
E me afronta, e me transtorna;
Tudo vence, tudo treme,
E me pressente, e me distende.

Sou azul como o céu,
Sou turvo como a nuvem.

E o raio é meu embaixador,
Junto à superfície bravia.