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domingo, 29 de janeiro de 2012

UMA HISTÓRIA DOS POVOS ÁRABES

Acabo de concluir a leitura do livro de Albert Hourani, e saio dessa empreitada muito mais rico do que quando entrei. Não é muito mais do que isso o que se pede do contato com livros de História. Na situação mundial dos nossos dias, me parece essa uma leitura essencial para nós, ocidentais. No porão da polarização EUA - China, fervem as aspirações, a revolta, o fanatismo, e também o pensamento esclarecido, dos povos árabes. Eu disse "porão"?... Sim, porão. E o 11 de Setembro mostrou que os ratos às vezes dão as caras na sala de estar, e isso pode ser uma verdadeira tragédia para ladies and gentlemen tão conscienciosos, como nossos amiguinhos donos da verdade e do mundo.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

AQUALUNG

Acabo de ouvir um disco que não ouvia há bem uns dez anos: Aqualung, do Jethro Tull. Foi como se eu remoçasse na medida exata do tempo que passei sem contato com essa obra-prima. Me vi tomado dum entusiasmo que aparece cada vez mais raramente, conforme vou envelhecendo. A faixa-título, forte e delicada ao mesmo tempo, Cheap day return, puro lirismo, Cross eyed Mary e Locomotive breath, energia que pulsa dentro de um arranjo que só pode ser perfeito... Quanta alegria, de início expansiva, depois reflexiva, calma como um lago, não senti com essa quase miraculosa redescoberta!...

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

UM POEMA


o Tempo inclinou a parede.
trouxe poeira aos olhos.
espalhou nódoas amareladas pela memória
indefesa.
observo quieto o meticuloso trabalho.
um sorriso de criança,
deformado pela umidade,
convida pequenas lembranças.
saudades de não-saber.
da vida a dois palmos dos olhos,
sem palco e sem porquê.
mas as teias que ornam a moldura denunciam meu descaso.
terei esquecido?

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

USP

Fui, no geral, bastante bem no FUVEST 2012. Acho que entro. Na verdade, só não entro se uma hecatombe acontecer. Quero fazer Inglês, ou Francês, ou Alemão, que são as três línguas estrangeiras que já conheço, mas não sou fluente. Acho que devo aperfeiçoar o que já sei, antes de acrescentar novas línguas.
E como meu trabalho, a partir desse ano, se restringirá mesmo a escrever, por motivos de ordem pessoalíssima, acho que empregar tempo e fosfato no estudo de literaturas estrangeiras só me enriquecerá. Trata-se de um investimento.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A IMORTALIDADE, DO GENIAL MILAN KUNDERA

Terminei hoje, agora há pouco.
Um raciocínio simples: há, aproximadamente, 7 bilhões de pessoas na terra. Mas há um número bem mais reduzido de gestos possíveis de ser executados por essas pessoas. Logo elas se repetem. Tudo muito lógico. Mas... Kundera dá um salto, a partir daí: para seu narrador, são os gestos que se servem das pessoas, e não o contrário. De um gesto visto num clube nasce a heroína do romance, mas esse gesto, por assim dizer criador, não contém a chave do livro. A chave do livro é o gesto de escrever, de criar literatura. O romancista não se serve dele, é ele quem se serve do romancista. E o faz em nome de quê? Numa palavra: da imortalidade. A escrita, impulsionada pelo desejo de perpetuação que nosso self não pode tolher em si mesmo, serve-se dos escritores, para que assim a humanidade possa se ver num espelho que durará tanto quanto durar a linguagem.
Outro ponto: para alcançar a imortalidade, é preciso criar uma personagem de si-mesmo. Só as personagens duram; as pessoas passam, inexoravelmente.
Haveria ainda inúmeros pontos a assinalar acerca de A imortalidade, mas o caso é que ainda o estou digerindo.
Em todo caso, leia. Só se tem a ganhar.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

PATRICK SWAYZE, E DEPOIS...

Quando eu tinha 14 anos, me apaixonei por Gisele, uma menina mais velha, da oitava série (eu era da sétima). Estudávamos na Escola Municipal Nair Valadares, de Araruama, RJ. Ela era fã de New Kids On The Block, e o filme de que mais falava, provavelmente o que mais amava, era Ghost, com Patrick Swayze e Demi Moore. Eu queria conhecer tudo o que ela gostava, queria entrar na vida dela, mas... não conhecia New Kids, e nunca tinha visto Ghost... O primeiro item eu rapidamente sanei, mas o segundo... Só fui ver Ghost já aqui em São Paulo, quando era praticamente impossível trazer Gisele pra minha vida... De algum modo essa tragédia fixou uma importância além do que é corriqueiro à imagem de Swayze, no âmbito de minha ingênua juventude.
Esse é um ponto.
Logo que cheguei em São Paulo, em 1992 (eu tinha quinze anos), assisti a Caçadores de Emoção (não sei o título original...), com Swayze e Keanu Reeves, e o seu, por assim dizer, "espírito de aventura", me ganhou, numa época em que o meu senso crítico era muito frágil, e a vontade de viver com máxima intensidade era minha luz-guia. Sobretudo o personagem de Swayze, com sua exagerada energia vital, me dizia algo muito profundo acerca de mim mesmo, e também acerca do mundo no qual eu queria viver.
Esse o outro ponto.
Os dois pontos me são úteis ao tentar entender o que senti, agora há pouco, vendo a foto que a esposa do ator tirou dele, pouco antes de ele morrer. Sem cabelos nem sobrancelhas, dormindo no sofá, ao lado do gato, provavelmente ouvindo "o som da inevitabilidade", essa figura é, pra mim, o adeus de uma espécie de símbolo do que um dia eu quis ser, e também um símbolo de uma parte importantíssima de minha adolescência, sobretudo no que ela tem de indissoluvelmente ligado a Gisele. Na verdade, o velho chavão - "o tempo passa, implacavelmente" -, se mostrou, por meio dessa foto, com toda a sua força destrutiva a meus olhos, que começam a ver, tragicamente, a despedida dos heróis de juventude.
Estou ficando velho... Os heróis de meu passado estão dizendo adeus, e só posso, um tanto desiludidamente, fazer isto aqui que estou fazendo agora...

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O FANTASMA DA ÓPERA, AGAIN...

Acabo de assistir à versão do Joel Schumacher e do Andrew L. Webber.
Devo admitir que o filme, apesar de certos defeitos (elos faltando, inverossimilhanças, etc.), me conquistou conforme eu o via... Quero dizer: comecei bem crítico, não gostando muito, mas aos poucos fui notando a beleza das músicas, e o apelo de algumas cenas, e no final... Bom, no final o conjunto me deixou uma boa impressão. Um bom filme. Mas... não tudo o que a ideia do "gárgula" apaixonado pode render. Uma ideia tão velha quanto a literatura, e eu nunca vi nada que fizesse jus a ela.
Então... Sim: vou me arriscar. Como já postei aqui, vou escrever a minha versão. Se minha tentativa vai estar à altura desse arquétipo, tão poderoso, não sei... Mas o que teria vindo a público se os autores se deixassem derrubar pela grandeza de seus modelos?
Lá pelo ano 2020 devo estar com ela pronta, rs...
Até lá, então!