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domingo, 27 de março de 2011

PARA UMA PEQUENA MOÇA QUE ACABA DE NASCER NA MINHA VIDA

os dias têm passado tão rápido... por que será?...

é impossível te ver sem imaginar o gosto dos teus lábios,
sem imaginar o cheiro de teu seio,
e a maciez de tua pele...

o verde-bola-de-gude de teus olhos me lembram
meus sofrimentos de primeira juventude,
e, quem sabe, me falam de vendavais que se anunciam...
(serão imaginação?...)

renatorussoanamente, tenho andado distraído... por que será?...

talvez eu saiba:
é que acaba de nascer: ...
(esses versos devem rimar...)

quinta-feira, 24 de março de 2011

AUTO-AJUDA

ah, se não houvesse pedras e esgoto no caminho...

mas meu coração é grande, tão grande,
que sem mais nem menos decide ir adiante,
ignorando tudo que não lhe serve de alimento...

e é assim que me faço o inexorável segredo:
amar com tudo o que sou e tenho,
sem jamais deixar de lado a mania de ser vasto e velho...

sábado, 19 de março de 2011

POEMA PARA A FLOR QUE NASCEU

uma flor nasceu sobre o muro da indiferença;
uma flor vermelha: seria uma rosa?... não...
essa flor é bem mais que uma rosa: é, na verdade,
a própria essência do objeto flor, e da cor vermelha;
é a única flor que faz jorrar o querer,
e dela, uma vez tendo a tocado, tornamo-nos um eterno rememorar...

assim, te prometo, flor em minha vida:
dia após dia, delírio após delírio, espinho após espinho,
serei para ti uma ponte, a ligar a fragilidade das coisas da vida
à plenitude de um amor disposto a navegar as piores tempestades,
tudo para que respires melhor,
para que sorrias terna, ou sofregamente, quando lembrar de mim,
e assim, presos como numa teia,
sejamos como o caule e a seiva:
um do outro, suporte e alimento.

sábado, 12 de março de 2011

A TORRE

desconheço o que me faz adormecer ouvindo teu sono,
e o que me faz acordar sentindo teu toque,
e o que me diz, a toda parte, que mais adiante encontrarei tua imagem a sorrir...

e o que encontro, sempre?

- a eterna reconstrução, de uma torre de babel só de nós dois...

quinta-feira, 10 de março de 2011

POEMA SEM TÍTULO

sem te ver, me pego te vendo, cheirando teu perfume, ouvindo-te cantar...
quem disse que amar é jamais deixar?...
pois se é verdade que tu vens, também é verdade que tu vais,
embora para mim seja sempre a tua doce e inexorável presença,
em tudo o que faço, onde vou, onde paro...

amar é...
    ...andar sempre acompanhado: para nosso gosto,
    e também para nosso desamparo,
    porque quando se tem, não se sabe a cor,
    e quando não se tem, é o mesmo ardor,
    a mesma ânsia, e...

    ...sempre a mesma intemperança,
    a varrer do caminho quaisquer vestígios de passadas dúvidas,
    e a trazê-las, pela mesma via, de volta, em novas vestes:

    na mesma indecifrável lua.

terça-feira, 8 de março de 2011

ZOOPOLITIK

O animal político que mais desprezo é o porco; e há dele em todas as facções: há porcos destros, e também canhotos; há o porco chauvinista, o fascista, e há, sim, também o porco comunista. A diferença, que os distingue muito bem, é que os destros sacrificam a moral e a ética em prol de seus interesses particulares, enquanto os canhotos sacrificam as mesmas coisas, em prol de seus ideais.

O caso é que eu não sacrifico meus princípios éticos e morais, por causa ou interesse nenhum. E ponto.

 

ALEGRIA

alegria é tanta coisa...

amanhecer tranquilo, misturando o sonho com a música matinal,
e o calor de teu corpo me dizendo que viver é bom...

o ritual singelíssimo do almoço, em que comemos teu prato preferido,
no restaurante que você escolheu, por te trazer boas lembranças,
(teus pais costumavam te levar lá, e eles já não estão perto...)
e tudo está tão calmo... como dizer?...
os rostos desconhecidos sorriem, parecem felizes, despreocupados,
nada vem dizer desagradabilidades... parece uma reunião toda combinada...

o passeio à livraria; escolhemos livros, e uma poltrona, que dividimos, apertados mesmo...
eu folheio a coletânea das novelas de Luigi Pirandello,
e você a nova tradução da Ilíada, de Homero,
e o silêncio não nos perturba... não é hora de falar...

depois caminhamos pela Paulista...
o feriado deixa os caminhos livres, com poucas filas, pouco trânsito, pouca gente nas calçadas...
não chove, e nem faz sol: antes, as nuvens nos abençoam com uma sombrinha fresca...

ah... alegria é tanta coisa...
tanta, que só me resta perguntar:

...casa comigo?

segunda-feira, 7 de março de 2011

Shakespeare traduzido - parte I

Those hours that with gentle work did frame
The lovely gaze where every eye doth dwell,
Will play the tyrants to the very same,
And that unfair which fairly doth excel;
For never-resting time leads summer on
To hideous winter, and confounds him there;
Sap check'd with frost, and lust leaves quite gone,
Beauty's effect with beauty were bereft,
Nor it, nor no remembrance what it was.
    But flowers distill'd, though they with winter meet,
    Leese but their show; their substance still lives sweet.


TRADUÇÃO (POR MIM):

Aquelas horas que emolduraram
O contemplar as belíssimas cores,
A escassez também vão abarcar,
E o vil por si bem digno de louvores:
O tempo a conduzir a primavera
Ao mal invernal, e assim submetê-la...
As folhas vão-se, a seiva congela,
A nudez total, o arfar da beleza;
Mesmo assim, não se foi o dom do verde,
A alma presa, cercada de vidro,
Do belo deixa ver ainda o peso,
Distante do que ora está perdido.
    O inverno nada é, com sua dor,
    Senão o doce preparo da flor.

domingo, 6 de março de 2011

5 Motivos para ser otimista

1) Quase todas as pessoas torcem para que o amor se realize, ao ver filmes, ler livros, etc.

2) Quase todas as pessoas se entusiasmam frente à oportunidade de salvar alguém em situação delicada, como num acidente, por exemplo; e mais do que isso: se o salvamento se realiza, elas se enchem de orgulho, como se enchem de frustração, quando ele não é bem sucedido.

3) As crianças visivelmente más são uma ínfima minoria; a maioria é terna, amorosa, e cheia de compaixão.

4) Até os piores bandidos nutrem algum respeito pelo mistério da vida, mistério que não tem melhor avatar do que a mulher grávida. Quem agride uma mulher grávida acaba sendo punido pelos próprios marginais com os quais se vê obrigado a conviver, ao ser preso.

5) Também são uma minoria aqueles que decidem agir errado, admitindo para si mesmos que sua ação é mesmo errada; a maioria daqueles que cometem erros graves tem uma necessidade incontornável de encontrar uma justificativa ética, ou moral, para o que faz.

SONETO-ORAÇÃO Nº 1

jamais fugir ao açoite que a vida,
com ou sem justiça, sempre dá;
digerir só o veneno sutil
da vilania, que empesteia o ar;

mergulhar sereno na velha luta
contra a triste fedentina dos sórdidos;
alimentar em si o que é nobre,
fazer-se forte, na diária labuta;

não ceder ao voo cego da alma,
nem prender demais os olhos ao chão.
não. ser simples, honesto e bom amigo

dos bons, que dia mais dia são vistos
todos sob a mais límpida das águas:
como escolheram querer - como são.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Da Literatura como passagem

Pensando com meus botões, me veio a ideia de que nossa relação com a Literatura - falo de nós, que lemos regularmente - deve ser a da eterna construção de uma passagem para o futuro, renovada a cada leitura. O que lemos não nos serve de nada se não contribui para colocar algo à nossa frente, para nos impulsionar em direção a algum aprimoramento, a uma abertura para o desconhecido, aprofundada por reflexões e questionamentos de vária ordem. Ou seja, trocando em miúdos, ler não é apenas - e jamais deverá ser - um mero dispositivo mantenedor de uma certa erudição, mas sim o ato fornecedor de material - e catalisador do processo de digestão de materiais de origem não-literária - para a atribuição de sentido ao que já nos aconteceu, e, principalmente, para a formação de nosso querer, para a projeção, e concretização, de ações e situações que, de alguma forma, renovem nosso ser.

quinta-feira, 3 de março de 2011

TO MY DREAM

there's nothing rare, yet nothing common,
in her way of spreading her lips, so joyfully, but so calmly,
in her way of staring at nothing somewhere around,
in her way of opening her arms in a hug, with no reason at all...

how could I save these little things from the waterfall of time?

I don't know, but I have something for sure:
as long as my heart beats, and my soul agrees,
all things about her will breathe with me.