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sábado, 31 de dezembro de 2011

MUDAR O MUNDO

Embarcando nesse momento, o de um rito de passagem, sempre marcado pela reflexão, resolvi tocar um tema de suma importância: creio que o escritor não deve tentar mudar o mundo - isso é por demais ambicioso, irrealista, delirante, tiranizante - mas sim sugerir às pessoas maneiras de conceber e imaginar o humano em suas mais singulares formas de ser. Se elas vão mudar alguma coisa, materialmente falando, ou não, depende de uma infinidade de fatores, sendo a Liberdade (e sua angústia) o grande cabresto. Na verdade, a dinâmica vem sendo essa há séculos, de tal modo que a Arte, tomada geralmente, se descolou da vida... Representa-se a vida de uma maneira, e vive-se de outra, com visões e valores distintos em cada caso. O jogo é complexo, dialético, e reclama do artista lucidez e coragem máximas, além de mais boa-vontade do que qualquer missionário jamais teve.
Quem se habilita?


quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A CONDIÇÃO HUMANA, de ANDRÉ MALRAUX

Excelente livro.
No começo, um tanto opaco, ao menos para mim. Mas depois... iluminador. Comovente.
Trata da insurreição chinesa de 1927 (ou seria 25?). Comunistas esmagados, porém temporariamente, como bem demonstrou a revolução de 49.
Iluminador por me revelar que por meio da dor se pode atingir a construção de uma vida plena em significação, ao se saber por que, e por quem, e contra quem, lutar.
Comovente por mostrar a extraordinária força moral, a abnegação, de pessoas que traçaram para si mesmas esse caminho.
Recomendo.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

FELIZ ANO NOVO?


Infelizmente, tenho que dizer que 2011 foi um ano terrível pra mim. O primeiro semestre foi um dos piores de toda a minha vida, e o segundo não foi lá essas coisas...
Mas é justamente aí que encontro meu argumento: será a felicidade um objetivo digno?
Evitar o sofrimento é algo inerente ao humano, e no entanto só ele, o sofrimento, ensina verdadeiramente. Como eu disse, sofri muito em 2011, mas... cresci muito também.
Sendo assim, não sei o que desejar a todos, neste 2012. Talvez eu deva apenas desejar que a vida siga sendo vida, pra quem vive de coração aberto, com tudo o que é parte indissolúvel dela: alegrias, dores, perdas, conquistas, etc.
Não é, certamente, o que os fracos desejam pra si que faz o forte. Mas qual o limite? Quando se deixa de ser forte e perde-se o sopro vital, a fraqueza inextricável, a que nos garante humanos?
Não sei.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

FANTASMA DA ÓPERA

Vou escrever a minha versão dessa peça, e será também um musical (obviamente, com composições minhas). É meu tributo a algo de muito profundo que sempre me acompanhou, que caracteriza a minha vida melhor que qualquer outro conceito ou metáfora.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O IDIOTA

Ouvindo Downbound Train, de Bruce Springsteen, e olhando, fixamente, até me vir água aos olhos, até a dor atravessar as costelas, e me congelar de todo, uma foto recém-tirada da internet...

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

MISANTROPIA


MISANTROPIA

chega mais perto, doce criança,
e abraça este velho enfermo,
velho... trinta e quatro anos!...
no entanto, como sou velho...

põe a mão no meu ombro caído,
contempla minha calva,
olha-me nos olhos puídos:
neles jaz, inerte, minha alma...

se o Outro morre, além, ou se aquém vive;
se as flores murcham no vaso que não dei;
se o beijo enrijecido que ofertei

àquelas moças que, por graça, ainda tive,
se tudo isso vale a dor que já causei,
abraça-me: em teu lugar, tão calmo... morrerei.





UM RECADO BEM SÉRIO


Olha... desde a primeira vez que eu te vi vc só me faz sofrer...
Você, minha senhora (sim, pq vc já é casada...), aparece no meu trabalho cheia de coisinhas, coisinha pra cá, coisinha pra lá, "eu quero a Odisseia que o Daniel comprou", assim, desse jeito, "que o Daniel comprou", como se nós fôssemos íntimos, sendo que a única intimidade que nós temos é a do ferro que vc sempre me dá... Mais do que isso, vc aparece lá uma segunda vez, e olha diretamente pra mim, e depois fala uma ou duas abobrinhas alto o suficiente pra eu escutar, e... Enfim. Vc sabe.
Eu devo te contar que eu jurei nunca mais tentar nada na sua direção, nem sequer olhar nada na internet a seu respeito, e eu vinha cumprindo com o juramento, até... até hoje. Hoje descobri, dando uma pesquisada rápida, que vc casou com aquele merda. Levei essa cacetada, num momento em que me parecia estar surgindo alguma luz no fim do túnel...
Pois eu te peço: tenha ao menos um ínfimo de dignidade (sei que pra vc isso é difícil...), e não se aproxime de mim. Fique, se possível, fora do meu campo de visão, pra que eu não tenha o desprazer de ver que vc ainda é bonita... Isso só me faria te odiar ainda mais. Eu volto a fazer o mesmo juramento de antes, e dessa vez... ah... dessa vez eu vou cumprir. Eu nunca, NUNCA, vou confiar em vc. O seu sobrenome é desgraça, vc acabou com a minha vida em três anos nos quais eu comi o pão mais amassado que já houve pelo diabo. De vc eu só quero a paz que vem com a sua ausência.
Com a sua distância, sabe-se lá quem pode surgir na minha vida...

É isso. Bom casamento pra vc, e para mim um futuro premiado com a inexistência de quaisquer resquícios do que um dia vc foi pra mim. Isso, certamente, me faria feliz.



domingo, 4 de dezembro de 2011

ANIVERSÁRIO

Hoje este blog completa um ano. Estou feliz.
De início era um espaço para textos artísticos meus, mas ao longo do tempo, devido a sutilezas diversas, tornou-se um espaço para comentários quaisquer que eu tivesse a fazer.
Tenho recebido visitas em número que me surpreende.
Obrigado, amigo(a).

terça-feira, 15 de novembro de 2011

É Candido mesmo!

Estive vendo o vídeo da reunião, a título de protesto, de Marilena Chauí, Antonio Candido, e outros, em Junho de 2009 (e com tudo a ver com o que ocorreu este ano), contra a presença da PM na Cidade Universitária. Olha... quanta puerilidade!... Veja-se as palavras do crítico: "estou aqui para manifestar veementemente meu protesto contra a presença da PM no campus, o que contraria o direito que os cidadãos têm de discutir, debater e agir, sem qualquer pressão externa do poder público." Quer dizer que todo mundo pode "agir" sem pressão do poder público?... Ué... Isso não acabaria levando a uma anarquia hobbesiana?...
O por enquanto respeitável crítico (que não abuse...) precisa entender que o Estado de direito é caracterizado essencialmente pela preponderância da lei, frente aos desejos e deliberações de indivíduos ou grupos de indivíduos. Não é porque suas ações são votadas em assembleia, que elas podem ir contra as leis, que são o que de efetivamente democrático nós temos, e valem tanto para empresários, funcionários públicos, donas de casa, quanto para os alunos da USP. A polícia pode, e deve, estar presente em qualquer área pública onde o poder eleito julgue que ela é necessária. E além disso, a maioria dos alunos, que não consegue ir até o final das assembleias porque elas demoram muito (seja isso premeditado, ou resultado de pura chatice mesmo...), essa maioria é a favor da presença da PM na Cidade Universitária.
E aí? O que é, e o que não é, democrático, nessa história?...

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

ERA DOS EXTREMOS, de HOBSBAWM

Acabo de reler este livro, estudando para o vestibular. É mais que impressionante a capacidade de síntese desse historiador, suas sutilezas de interpretação de fatos emaranhados em novelos insolúveis. Um marxista, sim, mas um marxista clarividente, que não se vê obrigado a alardear glórias chinesas só porque o regime chinês é, basicamente, o que resta de "socialismo realmente existente" (Cuba e Coréia do Norte são pouco mais que tiradas de mau gosto)...
Como disse, acabo de reler. Li pela primeira vez o ano passado, e ao que me parece, essa será uma leitura anual...

terça-feira, 1 de novembro de 2011

WUTHERING HEIGHTS

Livrão, grande, enorme livro, LIVRAÇO!
Já tinha lido em português (O morro dos ventos uivantes), e achado razoável, mas no original gostei muito, acho mesmo que se trata de uma obra-prima. Não é romântico, e ao mesmo tempo é ultra-romântico; não é realista, e no entanto nada pode ser mais realista. Dificilmente pode ser chamado de clássico... certamente é moderno, mas de uma força representativa que alcança a equivalência clássica entre linguagem e natureza como talvez nenhum romance tenha conseguido antes...
Heathcliff é uma das maiores personagens de toda a história da literatura: o que ele sente por Catherine Earnshaw?... Amor incomensurável, ou extrema obsessão? (a questão é clichê, mas em Wuthering Heights ela é tão bem construída, ergue-se tão bela aos nossos olhos, que supera qualquer falta de originalidade. Ademais, creio que na época em que o livro surgiu não era ainda um clichê...).
As personagens, de modo geral, são muito bem construídas nesse livro, podendo Ellen Dean ser vista como a portadora da "moral" em seu âmbito. É quase um tipo, assim como Joseph. Mas posto isso, torna-se imperioso reconhecer toda a humanidade de Edgar e Isabella Linton, Hareton Earnshaw, assim como de seus pais. Uma estória triste e "crepuscular", com um final... Leia!

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O enigma de Capitu

Pois é... O mundo gira... e...
Lá pelos idos de 1998, eu cursava o primeiro ano de Letras na USP, e a professora de Introdução aos Estudos Literários, Iná Camargo Costa, me incutia a certeza de que Capitu não traiu Bentinho, este último é que era um problemático de carteirinha. Vários argumentos: o livro inteiro é uma obra de acusação, ele não deu a ela o benefício da dúvida, muito menos direito de defesa, etc...
Mas a vida seguiu, eu desisti da Letras naquela época, depois voltei em 2004, para me formar em 2010, e para voltar, de novo, se tudo der certo, em 2012 (estou prestando o vestibular novamente, e para Letras, novamente...), agora para estudar Espanhol. Ocorre que Dom Casmurro está na lista da FUVEST, e eu acabo de terminar a releitura desse gigantesco romance, e... Não é que eu me encontro inclinado a concordar com o Bentinho?... Acho que a Capitu pode, sim, ter traído o marido...
Mas a melhor solução para o caso foi dada pelo prof. Valter Kehdi, que em 1999 definiu Dom Casmurro como o "romance da dúvida", sendo a discussão sobre traição ou não traição algo como discutir o sexo dos anjos...

domingo, 16 de outubro de 2011

MÚSICA E GOSTO II

Olha, eu achava que cantaria "Que pena", do Raça Negra, com prazer, mais ou menos baseado num trecho dela que fazia parte de um anúncio de TV. Mas... fui ouvir inteira no Youtube, e não gostei não...
Pois é. Algumas coisas ainda não mudaram, rs... ;-)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

MÚSICA E GOSTO

Será o "eu gosto" um derivado da passividade? Como se forma o nosso gosto musical?
Creio que é mais fácil começar respondendo à segunda pergunta: no meu caso, se formou em casa, ouvindo o que meus pais ouviam, e o que passava na TV. Claro que eu filtrava; só gostava mesmo do que se encaixava em algo muito sutil, muito subterrâneo, algo próprio da minha maneira de ser. Assim é que eu, aos seis anos, gostava de RPM, Menudo, Roberto Carlos, Verônica Sabino, Gonzaguinha, Trem da alegria, Balão Mágico, Fábio Jr., etc... Não creio que imitasse colegas de escola, vizinhos, ou os adultos a minha volta. Eles certamente me influenciavam, mas a palavra final era dada nos confins de minha psique. 
Quando começou a adolescência, sob o impacto do Rock in Rio II, me apaixonei pelo rock, e ao mesmo tempo cantava Leandro e Leonardo quando saía pra comprar pão. Um pouco mais tarde descobri que uma tribo excluía a outra, e então me filiei aos roqueiros, e passei a condenar sertanejos, pagodeiros, funkeiros, etc.  Esse foi o início de uma fase que durou bem uns quinze anos, fase na qual meu gosto se cercou de tabus: era possível gostar de rock e música erudita, porque tais estilos eram dignos de respeito, mas gostar de estilos mais comerciais, como o pop ou o sertanejo, era simplesmente proibido, e eu seguia essa linha fielmente. Não acho que me obrigasse: eu realmente só gostava daquilo que respeitava. 
Algo, no entanto, mudou. Hoje optei por uma sinceridade radical, e ela me levou de volta à infância, quando quem comandava eram os "monstros do id". Hoje respeito e gosto de tudo o que agrada à minha subconsciência, o que equivale a dizer que não sei o que me faz gostar ou não dessa ou daquela canção. Apenas gosto. E assim sou levado a reconhecer que aquela música que eu achava ridícula quando era adolescente (por exemplo, "Que pena", do Raça Negra), hoje canto com prazer.
Quanto à primeira pergunta, me parece que não, desde que você separe juízo crítico de um simples agradar-se; e é sempre possível pesquisar, guiando-se por puro senso estético, isto é, indo contra qualquer passividade...
Enfim... O mundo gira, e a gente muda. 
Devo mesmo ter tomado sopa de macarrão vencido, mas eles não me fizeram mal...

domingo, 9 de outubro de 2011

UMA CITAÇÃO NA MEDIDA PARA MIM!


De Byron, To Thomas Moore:


Here's a sigh to those who love me,
And a smile to those who hate;
And, whatever sky's above me,
Here's a heart for every fate.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

PAULA FERNANDES

Nunca gostei de sertanejo. Na verdade, pouca coisa mudou, mas... Não é que eu gostei da Paula Fernandes?... Gosto de "Pra você" e de "Pássaro de fogo". Acho que o que ela faz não é exatamente sertanejo. Se for, então eu realmente comi macarrão vencido...
Um beijo, Paula.

A MÁQUINA DO TEMPO

Acabo de terminar a leitura d'A máquina do tempo, e o livro, para meu espanto, não chega nem perto da sua última versão cinematográfica. O filme é bem, mas beemm melhor que o livro. Que coisa...

THOR


Falei aqui há uns meses sobre a infantilidade do cinema comercial contemporâneo. Devo ter comido algum molho de tomate estragado, cogumelos venenosos, sopa de macarrão vencido, sei lá o quê, porque estou num processo de mudança de concepção. Ok, o filme sobre o Wolverine continua infantilóide, a meu ver, mas de Thor eu gostei bastante (o que não me impede de reconhecer que o filme tem falhas, por exemplo a mudança muito rápida de comportamento por parte do herói, e alguns clichês...). Penso que os filmes de heróis, ou super-heróis, dependendo de como trabalhados, podem ser de boa qualidade, e na verdade é forçoso reconhecer que narrativas de grandes feitos heroicos, com exageros às vezes gritantes, constituem um gênero milenar, estão encravadas na medula humana.
Enfim, acho que vou ver Thor de novo...

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

MASSAGISTA PROFISSIONAL

Massagista de ego profissional oferece seus serviços: elogios bem encaixados, vc nem vai perceber que está pagando por eles! Preços de acordo com o rubor (leitura eletrônica, máquina filosófica, pagamento via débito em conta, sem identificador)! Se vc persistir com os planos de suicídio devolvemos o seu dinheiro (somente após confirmação do óbito).

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Confissão da maior ignorância


Recentemente, pus aqui um post falando da "nova geração musical". Hoje, assistindo ao Metrópolis, na TV Cultura, vi se apresentar o rapper Criolo (ou Crioulo, não sei...), e ao gostar do som dele, percebi minha gigantesca ignorância acerca da cena musical brasileira contemporânea. No tal post, eu só citei gente que já faz sucesso. Imagine quanta gente boa eu não pude citar, por não conhecer!...

Isso posto - e o Metrópolis, hein... Programão.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

POEMA 0911

o poeta, diante da tela
do computador,
quer encontrar aquele verso
simples,
acolhedor como o sorriso
da gente do interior,
da gente simples do interior.
sorriso quente,
às vezes bem branco,
às vezes sem dentes,
mas quente...
seja como for.

o poeta, diante da tela,
quer o verso
que o leitor entende
à primeira lida,
verso que não suscita
nenhuma dúvida,
que não dá margem à dúvida,
que não duvida.

o poeta quer o verso
com mensagem positiva.
o poeta quer ser gente
(ele é meio doido,
mas é muito inteligente!).

o poeta quer ser reconhecido,
o poeta quer até, um dia,
vender livro!
o poeta quer dar autógrafo!
o poeta,
quer - pasmem!- ganhar
dinheiro!
dinheiro!

acontece que já passa da meia-noite,
e o poeta cansou.
o poeta vai dormir.
o poeta está de saco cheio.






sexta-feira, 9 de setembro de 2011

USP, aí vou eu!

Estou prestando o FUVEST 2012, de novo para Letras (agora, obviamente, numa habilitação diferente...). Além disso, estou participando do processo seletivo para o Mestrado, também na USP, início em 2012. Correndo atrás, abrindo frentes, e por aí vai... Sabe deus onde estarei daqui a cinco ou seis anos...

sábado, 3 de setembro de 2011

Os paraísos artificiais, de Baudelaire

Sempre achei que Baudelaire era um usuário fervoroso de drogas de todo tipo, mas lendo o seu livro fica claro que ele apenas experimentou, viu como era, escreveu a respeito, mas não chegou a aderir, a fazer disso uma prática de vida. Para ele, o homem deve encontrar em si mesmo o que o haxixe, o ópio ou o vinho proporcionam. Sábia opinião.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

TERMINADO!


Terminado! Concluí hoje meu primeiro romance!
Mas... quanto trabalho... ainda há três peças de teatro já começadas para dar seguimento, uma para escrever desde o começo, um romance já começado por continuar, e um romance por escrever, ainda só na ideia. Não posso reclamar por falta de ideias...


sábado, 27 de agosto de 2011

SOLEDAD VILLAMIL


E não é que descobri, assistindo ao Metrópolis (TV Cultura), que Soledad Villamil, atriz d'O segredo de seus olhos, é também cantora!... E a descoberta não se resume a isso, porque com ela descobri... o tango. Belíssimas canções esse gênero tem. Para quem não conhece, comece por La canción y el poema. De uma beleza tocante.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

TEMPOS DE PAZ


Taí um filme que poderia ter alcançado os píncaros da arte cinematográfica - a ideia é genial -, mas não o fez, e isso por duas razões: em primeiro lugar, certas forçadas de mão no enredo, como o médico que salva justo a irmã do torturador, e depois..., e em segundo lugar, uma certa puerilidade na direção de atores, e geral também, algo que dá a Tempos de paz um ar assim... pouco profissional (a despeito das atuações brilhantes de Tony Ramos e Dan Stulbach). Mas, tudo isso posto, digamos que o resultado não é ruim. Apenas, fica um gosto azedo a nos dizer que poderíamos ter tido o prazer de contemplar uma obra-prima, o que infelizmente...

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

UM ROMANCE!


Estou terminando meu primeiro romance. Se tudo der certo, acabo até sexta-feira agora. É na verdade um emaranhado de linhas de pensamento, que às vezes convergem, às vezes não. Fiz assim de propósito.
O dia em que conseguir publicá-lo, porque sim, eu tenho muitas esperanças de consegui-lo, coloco aqui o nome e onde comprar...

sábado, 20 de agosto de 2011

MELANCHOLIA


Tem-se falado no último filme de Lars von Trier como uma metáfora da depressão. Eu não seria tão clínico. Para mim, trata-se de simbolizar uma tristeza que se deve muito mais ao fracasso da civilização do que a uma particularidade individual, um estado de alma, ou coisa que o valha. Penso que se vai mais fundo em Melancholia, que ali se questiona o modelo de felicidade "vendido" no Ocidente moderno. Certas pessoas não se encaixam, e elas são não exemplos de enfermidade, mas sim o sinal de que algo é falso nas fotos em que todos se abraçam e sorriem, ou nas reuniões em que convencionalmente se celebra uma conquista convencional, como a festa de casamento da primeira parte do filme...
 

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A SERBIAN FILM


Não me venham falar que o filme procura discutir, ou problematizar a já tão problemática violência. O que se quer, ali, é atrair público. Puro fetichismo.

Não vi, não gostei.


domingo, 14 de agosto de 2011

AN DEN MOND

And den Mond, de J. W. von Goethe:

Füllest wieder Busch und Tal
Still mit Nebelglanz
Lösest endlich auch einmal
Meine Seele ganz;

Breitest über mein Gefild
Lindernd deinen Blick,
Wie des Freundes Auge mild
Über mein Geschick.

Jeden Nachklang fühlt mein Herz
Froh - und trüber Zeit,
Wandle zwischen Freud' und Schmerz
In der Einsamkeit.

Fließe, fließe, lieber Fluß!
Nimmer werd' ich froh,
So verrauschte Scherz und Kuß,
Und die Treue so.

Ich besaß es doch einmal,
Was so köstlich ist!
Daß man doch zu seiner Qual
Nimmer es vergißt!

Rausche, Fluß, das Tal entlang,
Ohne Rast und Ruh,
Rausche, flüstre meinem Sang,
Melodien zu,

Wenn du in der Winternacht
Wütend überschwillst,
Oder um die Frühlingspracht
Junger Knospen quillst.

Selig, wer sich vor der Welt
Ohne Haß verschließt,
Einen Freund am Busen halt
Und mit dem genießt,

Was, von Menschen nicht geweßt
Oder nicht bedacht,
Durch das Labyrinth der Brust
Wandelt in der Nacht.

TRADUÇÃO (POR MIM):

À LUA

Enches de novo relva e vale,
Quieta, com brilho nevoeiro;
Libertas enfim uma vez mais
Minha alma inteira.

Deslizas sobre meus terreiros,
E teu olhar alivia,
Ameno, como os olhos do companheiro,
Minha sina.

Cada eco sente meu coração,
De alegres e tristes tempos,
Fazendo-o balançar na solidão,
Entre negros e doces sentimentos.

Corre, corre, rio amado!
Jamais serei contente;
Como a fidelidade, ao passado
Beijos e gracejos pertencem.

Eu, de fato, tive tudo isso,
Que delicioso!
Lembrar sempre da agonia
Que um dia nos perturbou!

Fala, rio, correndo pelo vale,
Inquieto, em rebeldia,
Fala, geme meu cantado
Sua melodia,

Quando tu, na noite de inverno,
Cresces  furiosa
Ou pela voz da primavera,
Jovens brotos afloram.

Bem-aventurado quem, ante a estrada,
Protege-se de todo ódio,
E tendo amigo desinteressado,
Com ele goza,

Aquilo, jamais adivinhado,
Nem pensado por humana mente,
E que, através do labirinto da alma,
Em noite se converte.




sábado, 13 de agosto de 2011

NOVA GERAÇÃO MUSICAL

Para quem diz que não surgiu nada de bom recentemente no Brasil, em termos de música, e que só resta ouvir os Grandes Nomes da MPB, cito alguns músicos (indivíduos ou conjuntos) relativamente novos, de extrema qualidade: Lenine, Marisa Monte, O Rappa, Carlinhos Brown, Maria Gadú, Pato Fu. Claro que também ouço os Grandes, mas... não existe só isso de bom em terras tupiniquins.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

WOODY ALLEN EM CARTAZ

O último Woody Allen, Meia-noite em Paris, é, como quase todo Woody Allen, um bom filme, mas... penso que ele se explica muito facilmente. Ao terminar de vê-lo, não resta nenhum mistério, nenhuma inquietação. E isso, a falta de inquietação, é sintoma, a meu ver, de arte desimportante. Entretanto, como eu disse, é um bom filme, sobretudo muito divertido. Há nele o culto à mulher, marca da maior parte da obra desse nova-iorquino genial, e há também uma insuspeitada fé no amor, na possibilidade do amor, verdadeiro e único, nossa redenção enquanto espécie fracassada neste planeta.
Em suma, recomendo a quem goste de cinema num nível além da mediocridade pipocão.
Abraço.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

ANTES DO AMANHECER, ANTES DO POR-DO-SOL


Belíssima dupla de filmes, um continuação do outro. Simplíssimos, em termos de enredo. Força total nos diálogos, especialmente no segundo (por-do-sol).
Me pareceu que o principal nos dois é a consciência da fugacidade de tudo o que envolve o amor; tudo, tudo está condenado a perecer, nesse campo, e os dois protagonistas, sabendo disso, tentam a todo custo evitar o fim, mesmo que isso implique... antecipá-lo. Sim, para evitar o perecimento, recusa-se a entrega. Na verdade, o embate da esperança versus recusa é o motor dos diálogos, em ambos os filmes, com a ressalva de que no primeiro o jogo da sedução e do medo é mais leve, o primeiro termo prevalecendo. No segundo filme, o medo dá as caras mais fortemente, mas... Enfim: assistam. Vale a pena.
É isso. Abraço.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

FORMAÇÃO SÓLIDA

Ter uma formação sólida é ter uma quantidade razoável de dúvidas bem fundamentadas acerca de determinado assunto.

VERDADE TROPICAL

Estou lendo o livro de Caetano Veloso, e gostando muito. Na verdade, me sinto um privilegiado por poder ter contato com a história da tropicália (à qual se misturam a história do próprio Caetano, e a de Maria Bethânia, a de Gilberto Gil, a de Gal Costa... etc.), e ter a vivência, e a capacidade, de atribuir sentido à leitura (não sei se o leitor do Século XXII poderá fazer isso...). Ora, é preciso alguma proximidade com toda essa rede de eventos interligados, principalmente por se tratar de música, pois, caso contrário, o significado do que se lê, e/ou se ouve, avança pelo terreno da especulação, e aí... Bom, e aí, "terá sido o óbvio": ninguém entende o índio!...

Outro ponto: ouvi, ou li, não sei de quem, não sei onde, que no Brasil a canção popular tem desempenhado o papel de interpretar o país, de tentar entendê-lo. Não é apenas ela, mas... para a maioria da população, semiletrada, realmente ela é o grande "pensador". Ou não?

terça-feira, 2 de agosto de 2011

ADIEU EMILE

Descobri (pelo youtube, claro) uma canção absolutamente linda de Klaus Hoffmann: Adieu Emile. O título é em francês, mas ela é cantada em alemão. Compartilho aqui com quem se interessar.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O SEGREDO DE KANT

tenho certeza de que Kant comia a empregada.

naturalmente, ele ter ou não uma empregada
é irrelevante para o que se afirma neste poema...

domingo, 31 de julho de 2011

BREVE NOTÍCIA...

Voltando a escrever... Três poemas anteontem!... Agora, sem ter que encarar a sala de aula, tudo fica mais fácil...

quarta-feira, 20 de julho de 2011

TREZENTOS!

Esta semana completei, segundo as minhas contas, trezentos livros lidos, durante toda a vida. É quase óbvio que alguma coisa deve ter escapado, um ou outro livro que não me lembre de ter lido, mas... isso pouco importa, não é?... Outro ponto: alguns eu li três vezes (O amanuense Belmiro), outros quatro (Memórias póstumas de Brás Cubas), e outros ainda cinco ou seis (São Bernardo, Dom Casmurro), pois a releitura é a marca genuína da grande literatura. Outras leituras, e certamente outras releituras, virão, e isso é maravilhoso. É, na verdade, uma verdadeira bênção.

PANORAMA LITERÁRIO

Pegando dois conceitos de Antonio Candido, o de sistema literário, e o seu oposto manifestações literárias, eu diria que o panorama literário brasileiro atual é o de um "sistema de manifestações", algo inédito, certamente, no país, uma situação híbrida. Explico. Até o concretismo, mais o menos fim dos anos cinquenta, e os anos sessenta, os escritores eram, no Brasil, uma classe na qual os membros se relacionavam, trocavam ideias e experiências, havia uma densidade, uma coesão que não há nos dias atuais. Havia, para usar o bom português, verdadeiros "clubes culturais", sobretudo no Rio de Janeiro, em torno da atividade jornalística. Hoje, ao contrário, os escritores engendram suas obras na solidão, sem, ou com pouquíssimo, intercâmbio intelectual "cara a cara", algo que estimule e, de uma certa maneira, condicione a escrita socialmente. O intercâmbio, e mesmo o aprendizado da escrita, no final do século XX (geração de 90) e início do XXI, se dá essencialmente pela leitura. O sistema literário pulverizou-se, atomizou-se. Os autores estão isolados, com poucas exceções, sem qualquer preocupação ou intenção de erguer "escolas". É a era das obras radicalmente personalísticas. Isso é bom, e ruim. Bom porque a criatividade, o bom gosto, e o talento, prevalecerão com cada vez menos enganos, e ruim porque muito se perde com a falta de diálogo entre criadores.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

MINI-CONTO: APARÊNCIAS, VERDADES E CONTINGÊNCIAS

Dora fazia natação, hidroginástica, e tinha um personal trainer;
Amanda trabalhava numa agência de modelos masculinos;
e Carolina fazia ponto e cruz em casa, cercada de empregadas.

o óbvio:
Dora jamais teve qualquer coisa com o personal que não fosse profissional;
Amanda não namorava, e não transava, com nenhum modelo,
pelo contrário tinha namorado fixo e era só dele;
e Carolina tinha três amantes, fora o marido bonachão.

sábado, 25 de junho de 2011

AS RELAÇÕES PERIGOSAS

Acabei de ler esse romance, e algo me aconteceu, a certa altura da leitura, que devo passar adiante: tive, lendo uma página particularmente forte, a nítida impressão de estar diante da mais pura maldade, do Mal, por assim dizer, talvez mesmo do próprio diabo. Era uma carta do Visconde Valmont, um dos protagonistas, em que ele falava de seus objetivos com relação à Madame de Tourvel. Absoluta crueldade, vaidade mórbida, superficialidade mesquinha, frivolidade, e que mais adjetivos se possa acrescentar!...
Quanto ao livro: tenho dúvidas se o final é bem encaixado, mas nenhuma dúvida quanto à qualidade da obra: grande, enorme livro! Perigoso também: é preciso estar preparado para lê-lo, é preciso maturidade para isso. Pode-se, sobretudo sendo-se jovem, sentir a tentação de experimentar certas aventuras pelo terreno do Mal, atraído por um prazer pequeniníssimo, mas ainda assim humano. Preocupante. Mas leitura necessária, na devida idade, ou com os devidos estímulos, e juízo.
É isso.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

CHÂLI

Há um conto de Guy de Maupassant chamado Châli, que é tão belo quanto revoltante. Perversão da infância, e injustiças de diferentes tipos, permeiam-no, e são capazes de condoer mesmo o mais duro coração. Pode advir dele alguma discussão sobre costumes, respeitá-los ou não, relativizá-los ou não. Enfim... apenas me lembrei de alguma dor, depois de lê-lo, há uns três anos, e resolvi escrever qualquer coisa aqui. Quem se interessar, vá atrás. Não é difícil encontrá-lo (não vou por o nome do livro nesse post, por não querer tirar do leitor o prazer da descoberta).

terça-feira, 14 de junho de 2011

FELICIDADE

Felicidade: um estado tão passageiro, tão imprevisível, que nos pega somente vez por outra, e que só percebemos que estávamos nele quando já não estamos mais. De resto, é a vida, sempre ela, cheia de rotinas, de coisas insossas, e de tensões, que nos espremem nesse nosso dia a dia pós-moderno. Mas... é preciso sonhar, não é verdade?... E eu sonho, e sonho muito...

quinta-feira, 9 de junho de 2011

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Mestrado

São tantos os temas de que eu gosto, e que poderiam dar em um mestrado... José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Machado de Assis, Cyro dos Anjos, Drummond... O fato é que estou investindo pesado nisso, comprando livros e mais livros (gasto com livros em torno de R$ 500,00 por mês), e lendo, lendo muito, sempre que tenho um tempinho. Minha ideia é iniciar o mestrado no primeiro semestre de 2013. Talvez no segundo, se a coisa atrasar. E na USP, onde me formei. Enfim... será que consigo?

sábado, 21 de maio de 2011

SONETO DO AMOR TOTAL

Muito a propósito, faço minhas as palavras de Vinícius de Moraes:

SONETO DO AMOR TOTAL

Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

E adivinhem para quem eu aponto esses versos?...
É só observar... está fácil fácil matar essa...

Beijos, meu amor.

domingo, 15 de maio de 2011

A DE HOJE

pulando amarelinha:

"não sei amar, não sei amar,
você só me ensinou sobre você,
e aí então, e aí então?...
fundiram-se, pra não mais se desfazer,
numa só ideia: "amor", e "você"...
de modo que, de modo que?...
daqui pra frente, amar
será pra sempre te querer...

te querer... te querer."

E ponto.

A PONTE INVISÍVEL

a cada novo dia ele repetia o seu mantra matinal:
"a vida só vale a pena se for dividida";

e assim ele suportou a solidão até morrer,
solteiro, sem filhos, nem sequer um cachorro...

APELIDOS CARINHOSOS

chamavam-se de "senhor" e "senhora",
amavelmente, de brincadeira;

óbvio é, que chegou o dia em que se tornou mais adequado
chamarem-se de "menino" e "menina"...

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O PARADOXO FELIZ

sentir alegria por vezes me espanta,
por ser tão nítida, para uma dor tanta,
que de mais a mais me vejo mirando o mar revolto do passado,
à procura da emoção que não consigo viver hoje...

se me assombra a vespa zumbizante da paisagem fúnebre,
por outro lado encontro, nestes dias tão singelos e tranquilos,
a pura expressão do que me vai no peito...

e a palavra que dá nome a tudo isso,
de tão bela, sedutora, inebriante,
jamais poderá ser dita:
vive lá onde os deuses dormem,
e de lá sorridente me fita,
como a voz que, cá embaixo,
me liga a tudo e todos, e aos poucos,
morre.

domingo, 1 de maio de 2011

QUADRINHA PARA UMA FLOR NATALINA

queria escrever um poema agorinha,
mas não estou inspirado;
assim, vai aqui esta quadrinha,
apenas para teu desenfado,

só para que suspires um tantinho,
lembrando de tudo que é nosso:
nossos sussurros, nossos carinhos,
isso que de bom, dar-te eu posso.

sem mais, e com muito amor,
assina este textinho um poeta pequeno,
que não sabe viver sem dor,
mas que a compensa levando-te no peito.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

TO A YOUNG LADY

se me nego a sofrer demasiadamente,
e me oferto o sorrir frente a frente com a tristeza,
é porque sei que a cada lado do caminho
há a tua mão, invisível sob a neblina,
a me amparar o corpo cansado, e me aquecer a pele adormecida...

sempre, sempre nos procuramos sob a sombra,
e nos confortamos um ao outro com olhares calmíssimos, sérios: atentos.
nunca seremos menos do que a própria e eterna criação,
porém sempre tímidos e modestos, como o nascer dos passarinhos,
ou o verdejar de uma pequena planta...

e é com essa simplicidade que eu queria dizer,
sem quaisquer veleidades de músico ou poeta,
que você é para mim a incortonável vereda,
a passagem sempre aberta para a lua cheia,
luz noturna que me banha e me acalenta,
sem que eu jamais me veja
despido do amor, e me entregue
eternamente em oferenda.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Miscelânea alegrinha

Não tomei paulada hoje!...

Estava quase indo embora pra Pasárgada, mas... acho que vou ficar por aqui mesmo... rs...

Só vou te dizer uma coisa, amigo: a tensão é quase insuportável... eu conto os minutos, querendo que passem, e querendo que não passem, ao mesmo tempo...

Que venham os dias, e os trabalhos!

sábado, 23 de abril de 2011

Das Wiedersehn, de F. G. klopstock

DAS WIEDERSEHN:

Der Weltraum fernt mich weit von dir,
So fernt mich nicht die Zeit.
Wer überlebt das siebzigste
Schon hat, ist nah bei dir.

Lang sah ich, Meta, schon dein Grab
Und seine Linde wehn;
Die Linde wehet einst auch mir,
Streut ihre Blum' auch mir.

Nicht mir! Das ist mein Schatten nur,
Vorauf die Blüte sinkt;
So wie es nur dein Schatten war,
Worauf sie oft schon sank.

Dann kenn ich auch die höhre Welt,
In der du lange warst;
Dann sehn wir froh die Linde wehn,
Die unsre Gräber kühlt.

Dann... Aber ach ich weiss ja nicht,
Was du schon lange weisst;
Nur dass es, hell von Ahndungen,
Mir um die Seele schwebt!

Mit wonnevollen Hoffnungen
Die Abendröte kommt:
Mit frohem, tiefem Vorgefühl,
Die Sonnen auferstehn!

TRADUÇÃO (POR MIM):

O REENCONTRO:

O universo nos separa,
Porém não o tempo.
Quem dos setenta já passa,
Aproxima-se de teu alento.

Há muito vi, Linda, teu túmulo
Sob árvores a balançarem;
Um dia, elas balançarão sobre mim,
Como a mim presenteiam suas flores agora.

Mas não! É apenas a minha sombra,
Sobre a qual cai a folhagem;
Como, antes, foi só a tua sombra,
Também abençoada pelas árvores.

Saberei então mais altos mundos,
Nos quais por muito tempo tu viveste;
Então veremos alegres o dançar da folhagem,
A cobrir nossos túmulos com ar fresco.

Então... Mas oh! Eu não sei nada,
Do que tu já por tanto tempo sabes!...
Apenas sei de um vivo pressentimento,
Que me toma a alma no presente:

Esperanças de vida além
O crepúsculo próximo traz:
Novos e felizes momentos
O nascer do sol anunciará!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

quinta-feira, 21 de abril de 2011

PRIMEIRO GRITO DO NAUFRÁGIO

no espelho, teus olhos se confundem com os meus,
e um rosto disforme, com a pele pendurada em tiras sangrentas,
sorri mostrando presas cheias de baba;
a noite, lá fora, canta soprano, enquanto meu coração responde barítono,
e o coro é um uivo entristecido...

quantas misérias a vida, sempre ela, pode legar a um pobre diabo?...
sem querer estar longe, me afasto,
e querendo me afastar, me castro,
e tudo o que faz algum sentido é o sopro demoníaco
daqueles que jamais souberam o quão triste
é ser um verdadeiro, e sincero, eu lírico...

ah... a poesia...
plasmar em arte o que me consome,
será, algum dia,
remédio para fome tão implacável,
e dor tão lancinante?...

não sei...

e só assim posso terminar este poema,
este grito de pássaro abatido,
quando ensaiava um voo, um início de migração...
só posso terminá-lo assim:
deus não existe, e o diabo é o coração do homem.

domingo, 17 de abril de 2011

O CONCURSO, E O MALA

Aconteceu em 1992, no começo do ano: eu morava em Bacaxá - um distrito de Saquarema -, a duas horas de viagem do Rio de Janeiro, e meu padrasto - é isso o que ele sempre foi, embora na época eu julgasse que ele era meu pai... - participava de um festival de música em Niterói. Era um concurso: havia um corpo de jurados, e de um total de doze participantes, três se classificariam para a grande final. Lá fomos: eu, ele, e minha "mãe" (é difícil explicar o porquê das aspas, quem sabe um dia...). E agora é que entra o meu verdadeiro assunto: um dos concorrentes, o primeiro a se apresentar, era péssimo, mas põe péssimo nisso; a música era insossa, primária, ele tocava mal o violão, errava, cantava mal - ora semitonava, ora desafinava mesmo... - e a letra talvez fosse o pior de tudo; me lembro do refrão: "lute pela paz, não lute pela guerra, salvemos nossa terra", ou algo bem próximo disso. Era uma letra, por assim dizer, "cheia de causas": da paz mundial à preservação dos ecossistemas. Mas o que me intriga, e talvez eu deva dizer: me fascina, hoje, lembrando desse episódio, é o apoio, total, irrestrito, que algumas pessoas que estavam na platéia, provavelmente a família do tal concorrente, davam a ele, assoviando, batendo palmas, etc. O cara estava lá passando o maior ridículo, fazendo um papelão, e eu me pergunto: como será que a companheira dele - namorada, noiva, ou esposa - o via, através do "filtro do amor" (expressão horrível, de péssimo gosto, mas é que não me ocorre melhor...)? Será que ela gostava de verdade da música dele?... Ou será que o perdoava, por ele ser um cara legal, com outras qualidades, etc?... E como será que ele próprio se julgava?... Será que tinha ao menos um mínimo de consciência de que o que ele fazia não prestava?... Ou será que era cego para esse fato, talvez mesmo um tanto arrogante?... E se o fosse: mereceria, então, passar vergonha?... São várias as perguntas suscitadas por esse acontecimento, e eu sinto em dizer que não tenho resposta para nenhuma delas... Mas como me interessa, e me faz pensar, toda essa história!...

PEQUENO COMENTÁRIO II

Estou tentando ser grande, mas... como é difícil, não?... Há coisas que eu sei que são verdades, mas isso não me impede de sofrer em razão de uma ou outra falsa imagem... E mais do que sofrer: fazer sofrer quem não tem culpa nenhuma... É... Eu tenho feito isso... Na verdade, minhas atitudes não ilustram o que sinto, porque se o fizessem, eu não conseguiria trabalhar, não conseguiria fazer absolutamente nada, se eu pudesse externar meu desespero, aí, aí sim... creio que todos entenderiam... Enfim: vou continuar tentando...

ATUALÍSSIMA II

Puxa... pintou uma tristeza braba agora... E eu ainda tenho que preparar aulas...

PEQUENO COMENTÁRIO

Ainda estou abatido... Sonhei essa noite que de repente estava sem mulher nenhuma, e também sem perspectiva, e me perguntava, no sonho, e agora, deus meu?... Com quem eu vou tentar ficar?... De quem eu vou correr atrás?... E não me vinha ninguém à mente, até que... até que me lembrei de você, minha linda, meu amor, e alguma coisa melhorou, embora não tanto como eu gostaria... Ainda não sei como lidar com o que anda nos atormentando... Mas saber que você existe é já um enorme consolo...

sábado, 16 de abril de 2011

EU QUIS FAZER UM POEMA BOM DE VERDADE, E QUE DISSESSE O QUE SINTO...

o fantasma de dentes e pele podres me atormenta noite adentro,
e a viúva negra caminha pelo meu ventre adormecido...
como posso afugentar meu pesadelo, se está fechado o cerco,
e tudo o que é sujo e torpe dança à minha volta, como num ritual indígena?...

só queria sentir o calor de teu corpo bem junto ao meu,
e numa carícia desesperada, acordar a fada que protege os amores verdadeiros,
acordá-la do sono intempérie, do sono desastre,
pois é fato que ela nos esqueceu...

só queria dizer assim: meu amor, meu tão caro amor,
põe tua cabeça no meu ombro cansado, e choremos, e choremos, e choremos...
põe tua mão na minha, e entrelaçando os dedos,
digamos ao mundo que nada, nada nos separará,
e caminhemos para a morte com o único consolo que a vida pode oferecer aos humanos:
alguém para dividir todos os pesos, todos os riscos, e todos os risos.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O poder da música, e uma pequena comédia

O poder da música... Estava eu agora há pouco andando pela Paulista (fui comprar uns livros na Livraria Cultura), quando passei por um sujeito tocando um sax; a música era How deep is your love, dos Bee Gees, e operou em mim uma transformação extraordinária: eu estava assim, um tanto tristonho, um tanto passado - problemas que insistem em não ir embora, e que eu não sei como resolver... - e de repente me vi tomado de uma calma, e também de uma leveza, de uma esperança, de uma sensação de que tudo dará certo... Tudo isso devido ao simples som de um saxofone!... Fiquei tão feliz, momentaneamente, que fui lá dar uns trocados para o rapaz, e é aí... rs... é aí que vem a comédia: verifiquei meus bolsos, e neles havia 30 centavos; muito pouco!... pensei. Mas quanto dar?... Enfim, resolvi: peguei uma nota de 2 reais, juntei aos 30 centavos, e pus no estojo que ele usava para as doações. E vou te falar: me doeu!... Explico: é que eu passei alguns anos desempregado, e então qualquer trocado que sai me dói. O certo, o certo mesmo, seria ter dado pelo menos uns 10 reais para o moço do sax, porque ele me fez muito bem, mas eu ando tão muquirana, mas tão muquirana, que ter dado 2 reais foi praticamente um milagre!... A música, e o pão-durismo... Haverá alguma relação entre eles?...

quinta-feira, 14 de abril de 2011

ADÁGIO-REFLEXÃO II

se eu pudesse deixar para trás tudo o que me enoja,
e me impede de viver o ar tão benfazejo dos romances em que se ama de verdade,
ah... como eu correria a te abraçar!... e beijar, e beijar... e beijar.

mas a verdade é que nada vai bem,
que os monstros das esquinas enfumaçadas
me espreitam, e me cortam a pele e a carne...

amanhã, talvez me venham a vontade de sorrir e a leveza de alma necessária para realizá-la...

mas enquanto isso...

?

domingo, 10 de abril de 2011

POEMA DESENCANTADO, RUIM MESMO

não há como esconder: eu amo.

não há como...

só há como dizer: eu amo.

só há como...

é como sempre foi: eu amo,
e me atormenta a necessidade de agir no sentido desse amor, de sua concretização;
se há motivos para ser triste,
também os há para ter esperança;
enfim, não há como fugir: eu amo,
e só me resta amar, só me resta...

só me resta um lugar-comum: a luta.

Do sofrimento

Às vezes me pergunto se o sofrimento por que passo é simplesmente algo da vida, dessa vida de todos nós, e se há alguém que não sofre, e se esse alguém é uma pessoa boa, porque penso, sinceramente, que quem não sofre não pode ser bom... Mas há o outro lado: quem sofre demais tem grandes chances de tornar-se mau... Para tornar-se um adulto completo, penso que há uma quota de sofrimento que se deve cumprir, mas como encontrar a dose certa?... E nós, que cuidamos de crianças: é nosso dever fazê-las sofrer, ou devemos deixar isso para a vida empreender de modo natural e caótico?... Não sei...

Tudo isso motivado por uma dorzinha que estou sentindo... Acho que ela sabe do que estou falando...

sábado, 9 de abril de 2011

ADÁGIO-REFLEXÃO

as lembranças vêm, umas seguidas das outras,
como partículas de fumaça, a subir e se misturar com as nuvens...

e as lágrimas, como pequeninas fontes,
desentravam as tristezas lá de dentro,
caindo lenta, lentamente, e banhando o chão...

com uma coisa intima, indissoluvelmente ligada à outra,
sigo martelando bandeirianamente meu cântico de uma só certeza:
ser a eterna busca de quem me alimente e complete.

domingo, 3 de abril de 2011

ÚNICO

Havia tempos não me sentia tão feliz, e o curioso é que percebo que a felicidade, e a ânsia por felicidade, são sentimentos muitíssimo parecidos... Ora, só em um deles você tem o que deseja, então pergunto: que ânsia é essa que se sente, quando já se tem o que se quer?... Talvez... talvez seja uma vontade incontrolável de perpetuar o prazer, pois penso que todo prazer vem acompanhado dessa vontade, desse desejo... Enfim: o fato é que se estou bem, por outro lado ainda não tenho exatamente o que quero... Mas... a vida promete, ah... e promete tanto... Como promete...

OCI ZELENE ZA MLADE

a cada passo, uma alegria, e também uma tristeza...

mas avançamos, e o dia que se anuncia
trará milhões e milhões de explosões,
e o fogo das estrelas que surgirão do nada,
aquele mesmo nada que as mantinha ocultas,
aprisionadas em nuvens de desesperança...

busco esse dia como um faminto felino
busca a presa escondida...

e a verdade é que encontro um pouco dele
em cada olhar teu, quando me crava sua luz,
e isso... ah, isso tem sido meu alento,
e meu mais desejado alimento.

domingo, 27 de março de 2011

PARA UMA PEQUENA MOÇA QUE ACABA DE NASCER NA MINHA VIDA

os dias têm passado tão rápido... por que será?...

é impossível te ver sem imaginar o gosto dos teus lábios,
sem imaginar o cheiro de teu seio,
e a maciez de tua pele...

o verde-bola-de-gude de teus olhos me lembram
meus sofrimentos de primeira juventude,
e, quem sabe, me falam de vendavais que se anunciam...
(serão imaginação?...)

renatorussoanamente, tenho andado distraído... por que será?...

talvez eu saiba:
é que acaba de nascer: ...
(esses versos devem rimar...)

quinta-feira, 24 de março de 2011

AUTO-AJUDA

ah, se não houvesse pedras e esgoto no caminho...

mas meu coração é grande, tão grande,
que sem mais nem menos decide ir adiante,
ignorando tudo que não lhe serve de alimento...

e é assim que me faço o inexorável segredo:
amar com tudo o que sou e tenho,
sem jamais deixar de lado a mania de ser vasto e velho...

sábado, 19 de março de 2011

POEMA PARA A FLOR QUE NASCEU

uma flor nasceu sobre o muro da indiferença;
uma flor vermelha: seria uma rosa?... não...
essa flor é bem mais que uma rosa: é, na verdade,
a própria essência do objeto flor, e da cor vermelha;
é a única flor que faz jorrar o querer,
e dela, uma vez tendo a tocado, tornamo-nos um eterno rememorar...

assim, te prometo, flor em minha vida:
dia após dia, delírio após delírio, espinho após espinho,
serei para ti uma ponte, a ligar a fragilidade das coisas da vida
à plenitude de um amor disposto a navegar as piores tempestades,
tudo para que respires melhor,
para que sorrias terna, ou sofregamente, quando lembrar de mim,
e assim, presos como numa teia,
sejamos como o caule e a seiva:
um do outro, suporte e alimento.

sábado, 12 de março de 2011

A TORRE

desconheço o que me faz adormecer ouvindo teu sono,
e o que me faz acordar sentindo teu toque,
e o que me diz, a toda parte, que mais adiante encontrarei tua imagem a sorrir...

e o que encontro, sempre?

- a eterna reconstrução, de uma torre de babel só de nós dois...

quinta-feira, 10 de março de 2011

POEMA SEM TÍTULO

sem te ver, me pego te vendo, cheirando teu perfume, ouvindo-te cantar...
quem disse que amar é jamais deixar?...
pois se é verdade que tu vens, também é verdade que tu vais,
embora para mim seja sempre a tua doce e inexorável presença,
em tudo o que faço, onde vou, onde paro...

amar é...
    ...andar sempre acompanhado: para nosso gosto,
    e também para nosso desamparo,
    porque quando se tem, não se sabe a cor,
    e quando não se tem, é o mesmo ardor,
    a mesma ânsia, e...

    ...sempre a mesma intemperança,
    a varrer do caminho quaisquer vestígios de passadas dúvidas,
    e a trazê-las, pela mesma via, de volta, em novas vestes:

    na mesma indecifrável lua.

terça-feira, 8 de março de 2011

ZOOPOLITIK

O animal político que mais desprezo é o porco; e há dele em todas as facções: há porcos destros, e também canhotos; há o porco chauvinista, o fascista, e há, sim, também o porco comunista. A diferença, que os distingue muito bem, é que os destros sacrificam a moral e a ética em prol de seus interesses particulares, enquanto os canhotos sacrificam as mesmas coisas, em prol de seus ideais.

O caso é que eu não sacrifico meus princípios éticos e morais, por causa ou interesse nenhum. E ponto.

 

ALEGRIA

alegria é tanta coisa...

amanhecer tranquilo, misturando o sonho com a música matinal,
e o calor de teu corpo me dizendo que viver é bom...

o ritual singelíssimo do almoço, em que comemos teu prato preferido,
no restaurante que você escolheu, por te trazer boas lembranças,
(teus pais costumavam te levar lá, e eles já não estão perto...)
e tudo está tão calmo... como dizer?...
os rostos desconhecidos sorriem, parecem felizes, despreocupados,
nada vem dizer desagradabilidades... parece uma reunião toda combinada...

o passeio à livraria; escolhemos livros, e uma poltrona, que dividimos, apertados mesmo...
eu folheio a coletânea das novelas de Luigi Pirandello,
e você a nova tradução da Ilíada, de Homero,
e o silêncio não nos perturba... não é hora de falar...

depois caminhamos pela Paulista...
o feriado deixa os caminhos livres, com poucas filas, pouco trânsito, pouca gente nas calçadas...
não chove, e nem faz sol: antes, as nuvens nos abençoam com uma sombrinha fresca...

ah... alegria é tanta coisa...
tanta, que só me resta perguntar:

...casa comigo?

segunda-feira, 7 de março de 2011

Shakespeare traduzido - parte I

Those hours that with gentle work did frame
The lovely gaze where every eye doth dwell,
Will play the tyrants to the very same,
And that unfair which fairly doth excel;
For never-resting time leads summer on
To hideous winter, and confounds him there;
Sap check'd with frost, and lust leaves quite gone,
Beauty's effect with beauty were bereft,
Nor it, nor no remembrance what it was.
    But flowers distill'd, though they with winter meet,
    Leese but their show; their substance still lives sweet.


TRADUÇÃO (POR MIM):

Aquelas horas que emolduraram
O contemplar as belíssimas cores,
A escassez também vão abarcar,
E o vil por si bem digno de louvores:
O tempo a conduzir a primavera
Ao mal invernal, e assim submetê-la...
As folhas vão-se, a seiva congela,
A nudez total, o arfar da beleza;
Mesmo assim, não se foi o dom do verde,
A alma presa, cercada de vidro,
Do belo deixa ver ainda o peso,
Distante do que ora está perdido.
    O inverno nada é, com sua dor,
    Senão o doce preparo da flor.

domingo, 6 de março de 2011

5 Motivos para ser otimista

1) Quase todas as pessoas torcem para que o amor se realize, ao ver filmes, ler livros, etc.

2) Quase todas as pessoas se entusiasmam frente à oportunidade de salvar alguém em situação delicada, como num acidente, por exemplo; e mais do que isso: se o salvamento se realiza, elas se enchem de orgulho, como se enchem de frustração, quando ele não é bem sucedido.

3) As crianças visivelmente más são uma ínfima minoria; a maioria é terna, amorosa, e cheia de compaixão.

4) Até os piores bandidos nutrem algum respeito pelo mistério da vida, mistério que não tem melhor avatar do que a mulher grávida. Quem agride uma mulher grávida acaba sendo punido pelos próprios marginais com os quais se vê obrigado a conviver, ao ser preso.

5) Também são uma minoria aqueles que decidem agir errado, admitindo para si mesmos que sua ação é mesmo errada; a maioria daqueles que cometem erros graves tem uma necessidade incontornável de encontrar uma justificativa ética, ou moral, para o que faz.

SONETO-ORAÇÃO Nº 1

jamais fugir ao açoite que a vida,
com ou sem justiça, sempre dá;
digerir só o veneno sutil
da vilania, que empesteia o ar;

mergulhar sereno na velha luta
contra a triste fedentina dos sórdidos;
alimentar em si o que é nobre,
fazer-se forte, na diária labuta;

não ceder ao voo cego da alma,
nem prender demais os olhos ao chão.
não. ser simples, honesto e bom amigo

dos bons, que dia mais dia são vistos
todos sob a mais límpida das águas:
como escolheram querer - como são.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Da Literatura como passagem

Pensando com meus botões, me veio a ideia de que nossa relação com a Literatura - falo de nós, que lemos regularmente - deve ser a da eterna construção de uma passagem para o futuro, renovada a cada leitura. O que lemos não nos serve de nada se não contribui para colocar algo à nossa frente, para nos impulsionar em direção a algum aprimoramento, a uma abertura para o desconhecido, aprofundada por reflexões e questionamentos de vária ordem. Ou seja, trocando em miúdos, ler não é apenas - e jamais deverá ser - um mero dispositivo mantenedor de uma certa erudição, mas sim o ato fornecedor de material - e catalisador do processo de digestão de materiais de origem não-literária - para a atribuição de sentido ao que já nos aconteceu, e, principalmente, para a formação de nosso querer, para a projeção, e concretização, de ações e situações que, de alguma forma, renovem nosso ser.

quinta-feira, 3 de março de 2011

TO MY DREAM

there's nothing rare, yet nothing common,
in her way of spreading her lips, so joyfully, but so calmly,
in her way of staring at nothing somewhere around,
in her way of opening her arms in a hug, with no reason at all...

how could I save these little things from the waterfall of time?

I don't know, but I have something for sure:
as long as my heart beats, and my soul agrees,
all things about her will breathe with me.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Mais um poema...

de vez em quando sinto saudades do beijo dela:
sempre que o Destino me parece vão, e as águas, escassas...

de vez em quando sinto saudades do cheiro dela:
sempre que as pessoas à minha volta não me preenchem, e por vezes até me sugam...

de vez em quando sinto saudades do gosto ácido do gozo dela:
sempre que a vida - ela sempre - me nega motivos para sorrir sem motivo...

e foi assim que descobri que o tempo é o próprio paradoxo: a eterna fusão de todos os objetos:
pois "sempre" e "de vez em quando" tornaram-se em mim a mesmíssima coisa...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

EU A VI DE VERMELHO

era um código nosso...

eu a vi de vermelho, e de vermelho se tingiram todas as dores que me acompanhavam desde o início...
eu a vi de vermelho, e vermelhas ficaram as antigas interrogações que me dilaceravam...
eu a vi de vermelho, e vermelho se tornou o desgosto que a distância me impunha...
eu a vi de vermelho: deus, eu a vi de vermelho!... e entendi que se fez ouvir meu apelo,
e sendo ouvido, as grades de minha cela converteram-se em gesso,
e a liberdade de amar, sendo amado, varreu meu desterro.

eu a vi, amigo meu, banhada em vermelho.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

SAMBA PA TI

só sei querer-te, sem capa de chuva, sem sola de borracha, sem nada a me proteger;
só sei avançar, centímetro a centímetro, na direção de teu rosto,
só sei procurar, em cada vão e também em cada obstáculo, teu calor e teu gosto;
só sei adormecer, enquanto falo, enquanto faço, enquanto calo, na lembrança do bater de teu peito;

e de tudo isso que sei,
só fica, eterna sombra em meu pomar de olhares, de gestos, de nexos, de apertos e desesperos,
a doce mágoa de caminhar contigo, passo após passo,
no crime do Amor erótico - Amor inculto, Amor despótico,
unida à esperança de morrer em teu regaço.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O ALMOÇO

o almoço

a hora é calma, vazia,
mas a comida não é insossa;
lá fora estão esburacando a rua,
enquanto eu penso em mulheres nuas,
e como minha pêra doce,
antepasto excêntrico, como os dias
que preparam a morte...

estou só, e almoço,
numa cozinha tão despida de encantos,
e o instante a chamar-me à coerência,
a olhar somente à frente,
e esquecer passados prantos,
e superar os destroços
de minha indecifrável sorte...

mas este momento revela mais em si:
nele, materializa-se o inescapável,
a eterna lavra do quotidiano,
a religião sem nome do devir.

Aforismo

Quem só dá aos outros exatamente o que eles merecem jamais terá a alegria de trazer para o bem quem estava fora dele.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Poema

no começo,
AZAVSCABRUUUUMMMM
o Homem caiu da árvore,
e quebrou o pé.
depois, como se sabe,
mancou pelas cavernas,
desandou lascando pedra,
e escreveu robinson crusoé.
chegou a crise,
e o Homem contemplou a existência.
era jovem, romântico,
e babava brilhos de razão cofiante...
guerreou, guerreou:
estes pretos aqui são meus!
não, são meus!
até que lá pelas tantas,
entre tanques e pandas,
o Homem deu um longo suspiro,
fez cara de juízo,
e rumou para a flórida,
cumprir sonho de infância em conhecer a disneylândia.
(e no fim,
bem-que-se-quis,
mas nízia figueira,
porque bêbada,
foi a única feliz).

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Strani amori. Laura Pausini.

Pra começo de conversa: sim, eu gosto de Laura Pausini. É música romântica, ora bolas, e eu gosto de algumas músicas românticas, mesmo em Português (para citar duas: Detalhes, de Roberto e Erasmo, e Sozinho, do Peninha); pode ser que as letras (que eu entenderei um dia, pois pretendo estudar Italiano) não primem pela originalidade - é algo que eu ainda não sei, mas de que desconfio - mas as melodias me agradam muito. E na verdade...

Na verdade, amigo(a), o que me agradou imensamente, me deixou encantado, absolutamente encantado, foi o clipe de Strani amori, o da Warner, "oficial". Nele se vê uma Laura entregue, de corpo e alma, com tudo de que é capaz, alguém que só pode estar amando, e amando transbordantemente... Está tudo na expressão facial dela, no olhar, eu senti algo que não sei explicar bem, mas tenho certeza de que ali há toneladas de amor. E ela se expõe tanto, sem qualquer defesa, dando a esse clipe (que se não fosse por isso seria trivial) um caráter, por assim dizer, "mágico", algo que tem o poder de enternecer, de desarmar... Parabéns, Laura! Você realmente me tocou no fundo do coração!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O melhor contemporâneo

Dos escritores contemporâneos que já li (que, a bem da verdade, não foram muitos, pois leio mais os clássicos), o melhor é, sem sombra de dúvida, o israelense David Grossman. Seu texto prima pela delicadeza, pela sutileza penetrante, construída em detalhes psicológicos, que levam à configuração de personagens humaníssimas, complexas, apaixonantes. Numa palavra: genial.

O livro que li dele, o único, foi Desvario. Nele há duas novelas, uma de mesmo título, e outra chamada No corpo eu entendo. Belíssimas, as duas!...

Leiam, se puderem. Recomendo com veemência.

Agora é oficial!

Não falta mais nada: sou professor do quadro do Magistério do Estado de São Paulo. Acabei de assinar o termo de posse. Dá pra imaginar o que isso significa?!... Acho que vai levar alguns dias para me cair a ficha, tô meio abobado, rs... Amigo(a), eu fiquei sete malditos anos sem trabalhar!... E agora vou dar aulas de Português, um trabalho que me enche de orgulho e disposição!...

Que venham os alunos!
 

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

One of my english poems

I used to be sad... good times...
but I've never walked to the light;
it was just a way of having fun
(some people have sex, some people run).

yes... but no: no sex at all
(only what's in the manual);
I looked through the window, watching rain,
and ghosts from the past visited me again,

lost Love, good jokes, my hometown;
I used to be sad... how about?
but life, day by day, took me my toy
(what's left is really the lonely joy)

now I'm calm; I put it behind;
but ghosts from the past... never mind.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Klaus Hoffmann

Outro músico estrangeiro (já falei aqui do Zeljko...) não-anglo-saxão, de quem eu gosto muito, é o alemão Klaus Hoffmann. Creio que seu estilo tem algo a ver com a música "de raiz" alemã, mas não tenho certeza disso, por isso não vou arriscar uma afirmação categórica, rs...

Só posso dizer ao meu possível leitor que tente conhecer esse artista. Veja a canção "Berlin" (a que mais gosto),  ou "Wenn du liebst" (que, segundo me aponta o meu parco conhecimento de Alemão, tanto pode ser traduzido como "Se tu amas", como também como "Quando tu amares"), que também é belíssima, e se você a vir numa apresentação ao vivo que está no Youtube, poderá perceber o carisma desse senhor.

É isso. Abraço.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Poemeto

quem disse que amar é sofrer passou perto:
amar é estar sempre tentando prolongar os momentos
em que se sente verdadeiramente o coração bater.

já a falta de amor ocorre quando ele não bate...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

sábado, 15 de janeiro de 2011

Dr. Jivago

Enfim, consegui assistir a Dr. Jivago até o final (em três dias, é verdade...)! O filme que me provocava uma tristeza profunda quando eu era molecote - a cena, logo no começo, em que uma menina é abandonada numa passeata, era para mim especialmente difícil de suportar... - deixou-me, agora que tenho 33 anos, muita barba e uma calva, um tanto quanto descontente: é que não me pareceu um bom filme. Eu assisti à versão clássica mesmo, de 1965, com Omar Sharif etc., e o que vi foi, honestamente, algumas belas cenas (por exemplo, a da própria passeata, e do massacre que se seguiu) costuradas a muitos clichês (por exemplo, o idílio campestre que a família de Jivago encontra no início de sua estada em Varykno), e uma grande dose de melodrama. Creio, após alguma reflexão, que isso se deve ao contexto de produção: em 1965 o cinema ainda não havia atingido a maturidade que atingiu nos dias atuais, depois de obras-primas tais como Beleza americana, Mulholland drive, Magnólia etc. Eram, os anos sessenta, uma época de muita ingenuidade, e de choro fácil (obviamente, esta hipótese refere-se apenas ao cinema...). Talvez deva-se chamá-la a "Era do Kitsch". Não estamos mais nela, mas também temos nossos defeitos: a nossa poderia ser chamada, sem erro, de "Era da infantilidade", pois se, de um lado, temos as mencionadas obras-primas, de outro temos a todo ano lançamentos em quantidade gigantesca de pipocões infantilóides, direta ou indiretamente relacionados com os quadrinhos, entupidos de efeitos especiais, e sem muita preocupação com alguma Weltanschauung, e com a arte em grau elevado.
Lição a tirar: cada época tem suas cáries, seus cremes e fios dentais, e, infelizmente: os seus banguelas.

Outro: A cenoura e o burro

A CENOURA E O BURRO

ele lutou durante anos a fio por sua utopia,

até perceber que sua concretização era iminente,
e seguir o caminho oposto, levado por uma lógica implacável.

Um mini-conto: Mau partido.

MAU PARTIDO

a desgraça de joaninha foi ter-se "enrabichado" pelo jeremias:

pediu-a em casamento, deu-lhe casa, mesada, três filhos,
e o rogério - um cunhado alto, de corpo atlético e olhos azuis -,
que a levaram à sepultura antes dos quarenta.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Pasárgada e afins...

"Vou-me embora pra Pasárgada,
Lá sou amigo do rei;
Terei a mulher que eu quero,
Na cama que escolherei..."

É parte da natureza de Pasárgada o fato de ela não existir, mas há dias que eu desejo imensamente ir para lá...

- "Terra à vista!" - Não... é apenas o enjoo do marujo mesmo, que causa alucinações...

Se eu pudesse falar com deus, pediria, drummondianamente, outra humanidade...

Vai dormir, Daniel.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Nomeado!

Saiu em diário oficial: fui nomeado Professor de Educação Básica II do Estado de São Paulo! Aprovado em concurso!
Minha alegria, nesse momento, como vocês podem imaginar, é indizível...
Meus futuros alunos têm a minha palavra de que terão em mim um profissional dedicado e honesto, muito mais um intermediário na relação deles com o saber do que um "detentor de conhecimentos" (a serem transmitidos).

Que eu encontre pelo caminho a dose necessária e suficiente daquilo que faz os grandes homens...

É isso. Hasta la vista!

domingo, 9 de janeiro de 2011

Lorelei: uma paráfrase possível

Um fragmento de vida; por assim dizer, um "instantâneo": um homem numa calçada, ou num trem, ou num jantar, vê pela primeira vez uma bela jovem. Num átimo, ele sente uma pontada no peito, e como que o corpo inteiro desfalecer... Presa dessa visão, ele a acompanha, enquanto ela atravessa a rua, ou sai do vagão, ou simplesmente conversa com gente à sua volta, sem dar atenção a ele...

Lorelai, de Heinrich Heine

LORELEI

Ich weiss nicht, was soll es bedeuten,
Dass ich so traurig bin;
Ein Märchen aus alten Zeiten,
Das kommt mir nicht aus dem Sinn.

Die Luft ist kühl und es dunkelt,
Und ruhig fliesst der Rhein;
Der Gipfel des Berges funkelt,
In Abendsonnenschein.

Die schönste Jungfrau sitzet
Dort oben wunderbar,
Ihr goldnes Geschmeide blitzet,
Sie kämmt ihr goldenes Haar.

Sie kämmt es mit goldenem Kamme,
Und singt ein Lied dabei;
Das hat eine wundersame,
Gewaltige melodei.

Den Schiffer im kleinen Schiffe
Ergreift es mit wildem Weh;
Er schaut nicht die Felsenriffe,
Er schaut nur hinauf in die Höh.

Ich glaube, die Wellen verschlingen
Am Ende Schiffer und Kahn;
Und das hat mit ihrem Singen
Die Lorelei getan.


TRADUÇÃO (POR MIM):

LORELAI

Não sei bem a que leva
Tamanha tristeza que me toma;
Uma estória, tão velha,
Ela própria se me conta.

Escurece, com fresca brisa,
E o Reno corre com vagar;
Atrás da montanha o sol ainda brilha,
Em noite solar.

Lá no alto, como deusa,
Belíssima moça está sentada,
E com mil feitiços ela penteia
Suas madeixas douradas.

Também é dourado o pente,
E ao pentear-se ela canta;
Quão maravilhosamente
O mundo a melodia ganha!

O pescador no barco pequenino
É tomado por dor lancinante;
Não vê a rocha assassina,
Devido ao canto que o faz amante.

Penso que as ondas, no fim,
Hão de devorar pescador e barco;
Nada faz isso ser assim,
Senão o canto de Lorelai.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

HERÓI

Herói

na solidão daquele
cujo passado jamais descansa,
e a dor e a revolta armadas em lembrança
à sua frente como um teatro de sombras vagueiam,
vêm de mãos dadas a fé e a esperança,
tomá-lo sob seu domínio,
e fazer dele rei de seu próprio destino.
é nas duas musas que se apóia
a valentia do guerreiro, e o que era poente
renasce para a História,
e o que era desejo de morte
converte-se em fonte de eterna glória.
assim, sem fugir do mal
ainda que o temendo,
e sem render a alma
ainda que da vitória descrendo,
faz-se o herói,
aquele cuja virtude maior
é simples, porém rara:
a de abrir com as próprias mãos a sua estrada,
e de produzir com os próprios pés a firmeza do seu chão,
e de manter sempre viva entre os que o cercam
a verdadeira riqueza: a confiança na palavra dada.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Você conhece Zeljko Joksimovic?

Para quem não sabe, Zeljko Joksimovic é um músico (cantor, multi-instrumentista, e compositor) sérvio, que faz muito sucesso na região da antiga Iugoslávia (Croácia, Macedônia, Bósnia-Herzegovina, Eslovênia, Montenegro e, é claro, Sérvia). Suas composições misturam a "música de raiz" sérvia com o pop anglo-saxão, o que resulta, para os meus ouvidos, em algo muito agradável. É um dos meus artistas prediletos, e aquele que mais ouço no momento.

Procure no Youtube. Sugiro que comece por Nije do mene, depois veja Ljubavi, ou Lud i Ponosan. Pode-se ainda começar a conhecê-lo logo por uma faixa bem rock, sem essa coisa de "raiz", tal como Devojka. 

Tudo isso posto, devo dizer que é preciso "perdoar" Zeljko por uma incursão pelo tecno, e por alguns clipes horríveis a la Caldeirão do Huck (como Telo vreteno), águas passadas. O Zeljko atual é o de Nije do mene.

É isso. Tente conhecer, e se gostar, divulgue também.

Abraço!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Poem

My later statue

this breathing statue is not ancient nor glued,
it's not painted nor spread;
it is not hunted nor bought,
it's not sung nor read.
but it has a history:
a whale of sand became
a shadow crossing the window,
and a drop of beauty fever
inside my grave.
it has grown, grown...
and once it made every ocean worth every prayer

(I'm at this point right now,
and at this point I'll surely stay)

but...
I'll never be able to give her a name,
but that is a star during the daylight,
cos' it'll always live on my lips - her taste.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Adentrando 2011...

Este ano iniciarei minha atividade numa profissão maravilhosa: a de professor de Língua e Literatura. Que bênção, meu deus, viver de ensinar jovens e crianças a ler, escrever, a conhecer pela via da escrita!... Poder fazer a diferença para quem começa a trilhar o matagal da vida... (põe matagal nisso: não dá para ver onde se pisa, de vez em quando aparece um ratão, ou um montinho de merda...). Não tenho algumas ilusões, mas certamente tenho outras, e não sei como estarei daqui a vinte anos, se meu otimismo estará completamente derrubado por uma realidade bolorenta e fedida... Creio que o melhor, no momento, é não fazer muitas projeções, e sim mergulhar com toda a vontade no ofício que se me apresenta... A minha maior verdade é, por enquanto, esta: uma vida inteira de bons ventos não ensina nada. Há que se vivenciar a tempestade, para aprender.